TV Guia

A GRANDE SECA DE TER UM VERÃO NO SOFÁ...

- POR LUÍSA JEREMIAS DIRECTORA DA TV GUIA

Quando eu era pequena e passava os verões entre mergulhos na piscina e na praia e dias em casa da minha amiga Diana a ver o Verão Azul, estar no sofá em plena silly season – coisa que eu não sabia o que era – traenforma-se numa festa. Havia tempo para tudo. Até para ver televisão à tarde. Memórias de infância que me vêm à cabeça quando dou por mim sentada, já noite dentro, cansada de um dia de trabalho, sem tempo para mergulhos e sem nada que me entusiasme... no meu sofá caseiro. E porquê? Porque a televisão anda uma seca.

Fosse eu um daqueles ‘velhos’

(ou jovens) ranzinzas e já estava para aqui a dizer: “Pois, e depois queixam-se que a Netflix consiga valores incríveis de espectador­es. É verdade. A Netflix consegue. Mas não é pela incompetên­cia dos canais tradiciona­is: é por moda e por inovação e sabedoria a lidar com boas histórias e melhores formatos. A Netflix é outra história que não vem aqui ao caso – embora seja muitas vezes a salvação para uma noite sem sono. A questão aqui é: o que ver num menu de canais que não inova, que joga seguro e, tantas vezes, de forma tão enfadonha. Afinal, o que temos para ver neste Verão? Muitas novelas, pois claro, nenhuma delas particular­mente estimulant­e nesta fase – ou já estamos a acompanhar ou não paramos para ver. Além disto, A Tua Cara não Me É Estranha, um family show que também já nada traz de novo. Parece que já conhecemos o formato de cor e salteado, que este já não nos surpreende, que nada. É mau? Não, não é. É, sim, mais do mesmo. E isso é aborrecido. E que mais? Até há poucos dias tínhamos bola. Agora já nem isso – só aqueles comentário­s sobre o tema em canais temáticos – temos a Passadeira Vermelha fora de horas, temos muito cinema, temos os noticiário­s recheados de temas “veranis” que podiam sair da secção lifestyle de um jornal diário e de vez em quando lá temos uma notícia que nos entusiasma, que as TV “cavalgam a onda” e que nos faz ficar colados ao ecrã. Ou seja, estamos dependente­s da informação. Quem diria?! Silly season virou soft news season. Vou mas é dar um mergulho quando puder. Pode ser que isto melhore...

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