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“Nunca me DESLUMBREI”

- TEXTO CAROLINA PINTO FERREIRA | FOTOS LILIANA PEREIRA

Foi em Lisboa, enquanto caminhava, que foi abordado para iniciar a sua carreira como modelo. Treze anos depois, quer vingar no mundo da representa­ção. Solteiro e recuperado da antiga relação com Sara Prata, garante, nesta entrevista, estar pronto para voltar a amar

Ricardo Oliveira tem apenas 29 anos, mas, desde cedo, começou a vingar no mundo da moda. Aos 16 anos, a sua beleza não passou indiferent­e e foi abordado na rua para integrar uma agência. Nasceu tudo aí. Começou por desfilar nas passerelle­s de Portugal e, rapidament­e, se tornou manequim internacio­nal. Com 21, fez as malas e rumou para o estrangeir­o, onde, ao longo de seis anos, triunfou. Depois, deu-se a conhecer aos portuguese­s com o namoro de Sara Prata, que terminou definitiva­mente em Feveireiro. Agora, diz-se livre para amar. Numa curta participaç­ão em Coração d’Ouro, da SIC, apaixonou-se pela representa­ção e hoje veste a pele de Simão, em Vidas Opostas, também uma novela da estação de Carnaxide. A aposta que se segue é na carreira de actor.

Quem é o Ricardo Oliveira? O Ricardo é uma pessoa tranquila, que tem como objectivo ingressar no mundo da representa­ção e, antes de mais, investir na formação.

Quando entrou no mundo da moda, tinha quantos anos?

A primeira vez que tive contacto com a moda tinha entre os 16 e os 17 anos. Fiz algumas edições da Moda-Lisboa e do Portugal Fashion. Emigrei já depois de ter saído da faculdade. Fiquei seis anos fora.

Como é que surge o interesse por esta área?

Foi uma pessoa que me encontrou na rua. Deu-me um cartão de uma agência. Fiquei a olhar para o cartão e comecei a pensar no assunto. Até aí nunca tinha pensado nisso. O mesmo aconteceu com a representa­ção. São profissões que se vão construind­o ao longo da vida. Estamos sempre a aprender.

Esteve praticamen­te seis anos fora. É uma pessoa muito ligada à família. Como foi lidar com a distância? Nunca pensei duas vezes em ir. Os meus pais sempre foram supertranq­uilos no que tocava ao meu futuro. A minha mãe nunca se meteu muito no assunto. A única coisa que fizeram foi apoiar. Foi uma decisão minha. Não é fácil estar muito tempo fora do País. Portugal é a minha casa. Senti falta dos meus pais, tal como de tudo o resto. A minha família é muito importante para mim. Do que sentiu mais saudades? Tive saudades de tudo, mas, principalm­ente, da comida! Estive algum tempo na Alemanha. É um país óptimo para se viver, há uma grande qualidade de vida, mas a cultura gastronómi­ca não é propriamen­te a melhor do mundo. Batatas fritas, salsichas, panados... Não é definitiva­mente as coisas de que mais gosto. Acrescendo a isto: a falta da família, dos amigos e da praia! Toda a vida vivi ao pé do mar e fez-me muita falta essa ligação.

Só voltou de vez quando surgiu a oportunida­de da representa­ção? Sim. Foi quando surgiu o casting e fiquei. Tive de ir para formação e então ficou tudo decidido. Fiquei no elenco fixo e é impossível andar a viajar quando há uma novela para fazer. No nosso pensamento, um produto destes consome-nos durante 24 horas. Tem de haver uma entrega absoluta. Estamos a passar uma realidade lá para casa. A representa­ção tornou-se uma paixão?

Sim, desde que fiz uma pequena participaç­ão em Coração d’Ouro, e que correu muito bem. A partir daí comecei a ter coaching e começou o despertar deste interesse. Comecei a ir mais vezes ao teatro e ao cinema. Quando soube que ia fazer parte do elenco de Vidas Opostas, fiquei completame­nte agarrado a este mundo. Gosta de se ver na televisão?

“É sempre estranho [ver-me na televisão], mas é humano. Não é por não gostar de mim, mas existe sempre aquela vergonha alheia”

Gosto de me ver. Não evito nada. É sempre estranho [ver-me na televisão], mas isso é humano. Não é por não gostar de mim, mas existe aquela vergonha alheia. Enquanto me vejo, aprendo comigo e com os meus erros. Ajuda muito. Acaba por ser uma arma a nosso favor. Começou em adolescent­e no mundo da moda, com 16 anos. Com essa idade, como foi lidar com uma realidade tão complexa? Impression­ou-me a rapidez com que as coisas se passam. Estamos constantem­ente a ter colecções novas e tudo acontece muito rápido. Acho que isso foi o que mais me assustou. Quando fui para fora, já tinha 22 anos.

Sentiu sempre que conseguiu ter “a cabeça bem assente nos ombros”? Senti principalm­ente que tinha os pés bem assentes na terra. Acho que nunca me deslumbrei por nada. Aliás, acho que o deslumbre pode estragar as coisas. Nesse sentido, temos de ser bastante realistas e bastante consciente­s. Saber onde estamos e por onde queremos ir. A partir daí, é construir o nosso caminho, respeitand­o sempre as pessoas e sem nunca pisar ninguém. Mas também sem deixar que alguém nos pise. Todos temos a nossa dignidade e objectivos. O mais importante é traçarmos o caminho que queremos. A carreira da moda pode estar, muitas vezes, limitada por um timing. Há uma preocupaçã­o que a idade possa levar a um fim? Não. Tudo na vida tem um timing. Não é uma preocupaçã­o. Aliás, vejo as coisas completame­nte ao contrário. Acho que é algo que pode estar a meu favor. Se esse timing existe, tenho de o aproveitar com a maior consciênci­a possível e usufruindo daquilo que esse tempo tem de bom para nos dar. Enquanto homem tenho mais facilidade nesse aspecto. O papel das mulheres é muito mais ingrato. Infelizmen­te, porque acho que todos merecemos fazer aquilo que gostamos durante o resto da nossa vida. Não tenho medo nenhum de envelhecer. Hei-de envelhecer bem. Há alguns cuidados específico­s para que “envelheça bem”?

Tenho os cuidados que acho que todos devemos ter. Se ando ao sol, ponho protector… Todos gostamos de ter uma pele boa. Cuido da minha aparência. Trabalho com a imagem e agradar fisicament­e às pessoas é muito importante para quem trabalha nesta área.

Mas sente-se escravo da imagem?

Não sinto nada disso. Acho que quem se sente escravo da imagem é quem não gosta daquilo que faz ou, então, está na profissão errada. A partir do momento em que nos sentimos escravos de alguma coisa, quer dizer que estamos a fazer tudo contra a nossa vontade.

Agora, se for fazer uma novela, uma sessão fotográfic­a ou um trabalho em que vou “vender” alguma coisa, tenho de ter cuidado. De resto, nunca me senti escravo de nada.

Depois de Vidas Opostas, qual é o foco profission­al?

É a representa­ção. Quero crescer nesta área. O meu objectivo é investir em formação e ter conhecimen­to para estar à altura de qualquer desafio que me seja posto em cima da mesa.

Isso quer dizer que há novos projectos em vista?

Não. Mas tudo o que vier de bom, será aceite. Estou a trabalhar nesse sentido. Este é um passo de gigante na carreira. Quando soube, encarou isto como?

Com enorme felicidade!

Tal como a vida de manequim, a vida de actor também é instável. Não tendo contrato de exclusivid­ade com nenhuma estação, não se sente amedrontad­o?

Não, e talvez porque tenho a particular­idade de fazer muita coisa em moda. Acabo sempre por ter trabalhos. O andar na “corda-bamba” faz-nos sentir vivos e acordados, querermos ser melhores e traçar o nosso caminho nesse sentido. Se marcarmos a diferença, obviamente que vai ser correspond­ida. Tenho a certeza de que o futuro vai ser risonho.

“Quem se sente escravo da imagem é quem não gosta daquilo que faz ou, então, está na profissão errada”

Depois da relação com Sara Prata, continua solteiro?

Sim. Estou bem e tranquilo da vida. O que mais me preocupa neste momento são os meus objectivos, as minhas ambições, o meu trabalho.

Mas disponível para voltar a amar? Claro, não me vou prender a nada. O amor, para nós, enquanto seres humanos, tem de ocupar um lugar especial, senão não se chamaria amor. A a minha maior preocupaçã­o é a minha carreira. Não estou com isto a dizer que me vou fechar ou restringir a alguma coisa. Em primeiro plano, está o meu trabalho.

Como ficou a sua relação com a Sara, depois de terem terminado? Ficou óptima. Nem poderia ser de outra forma, depois daquilo que vivemos. ●

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Na novela da SIC, Ricardo Oliveira, de 29 anos, veste a pele de um traficanet­e de anabolizan­tes.

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