A SIC da MANUELA
Chama-se “A Procuradora” o novo espaço de comentário do Jornal da Noite, da SIC, aguardado com tanta expectativa que pode alterar o ADN da informação de Carnaxide
Antigamente havia uma promoção ao canal 1 que tentava humanizar a televisão. Era a “televisão do Artur, a televisão do Zé Eduardo, a televisão da Judite”. Foi nos idos de 90 do século passado, a RTP tinha acabado de sair do monopólio e estava obrigada a desfazer-se da imagem de gigante frio e mastodôntico, para se aproximar do dia-a-dia e da vida real. O truque promocional era simples: por trás da tecnologia estão pessoas como nós, de carne e osso, que sofrem, riem, choram, amam as suas famílias e fazem companhia aos espectadores, seus iguais. Essa campanha de marketing foi vítima do seu sucesso: era de tal forma poderosa que se sobrepunha ao próprio canal, ou seja, acabava a promover mais o Artur, o Zé Eduardo, a Judite ou o Raul do que o próprio canal, no caso, a RTP1. Lembrei-me desta memória do início da minha carreira ao receber a notícia que, à terceira tentativa,
Manuela Moura Guedes vai finalmente entrar na SIC. Depois de o anterior director-geral,
Luís Marques, ter tentado, sem sucesso, entregar-lhe um programa na antena de Carnaxide, Manuela Moura Guedes vai agora ser comentadora no Jornal da Noite ,a partir da próxima segunda-feira, num espaço provocantemente chamado de “A Procuradora”, nome que joga com a actualidade devido à saída de Marques Vidal, precisamente a PGR que acusou José Sócrates, inimigo figadal de Manuela. A expectativa é grande. A informação da SIC nunca mais será a mesma. A chegada de Manuela é um acontecimento de intensidade altíssima, susceptível de fazer renascer uma certa ideia de televisão da Manuela. ●