Jornalistas em PERIGO
No espaço de um ano, três repórteres foram assassinados na União Europeia. Todos investigavam esquemas de corrupção, máfias e poder político. A democracia jamais pode ser dada como adquirida
Viktoria Marinova foi violada e estrangulada até à morte. Era jornalista búlgara e apresentava um programa de investigação numa televisão local. Recentemente, tinha emitido denúncias sérias sobre esquemas de corrupção com os fundos da União Europeia, esquemas esses que poderão implicar empresários e políticos locais, e magnatas russos. O corpo foi encontrado sábado passado, na sua vila natal, Ruse, a norte da capital, Sófia. Jan Kuciak era jornalista na Eslováquia e vivia perto da capital, Bratislava. Foi encontrado morto em casa, a 21 de Fevereiro deste ano, e o corpo estava estendido ao lado do cadáver da companheira. Ambos abatidos a tiro. Jan Kuciak estava a trabalhar num artigo sobre ligações perigosas entre as máfias locais e políticos da capital, ligações essas que poderiam implicar elementos do próprio governo. Não chegou a acabar o texto. A generalidade das biografias dizem que o trabalho de Jan costumava “incomodar o poder político”. Há um ano, em Outubro de 2017, Daphne Caruana Galizia foi assassinada à bomba quando entrava no seu carro, à porta de casa, na cidade maltesa de Bidnija, a 15 minutos da capital, La Valetta. Daphne tinha a reputação de denunciar negócios menos sérios das elites locais. O jornalismo livre é uma condição essencial da democracia, e um dos princípios fundamentais da civilização ocidental. A sequência de assassinatos no território da União Europeia é preocupante, e exige investigações policiais escrupulosas para identificar os responsáveis. Quando o magno valor da vida é violado, tudo o mais se apaga e torna irrelevante. Aqui fica a homenagem aos três. ●