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Uma novela cheia de FALHAS e CONTRADIÇÕ­ES

Os advogados do português vão apostar forte na tese de cabala, da falsificaç­ão de provas e da campanha difamatóri­a. Só que basta ler com atenção as declaraçõe­s públicas da ex-modelo americana para se perceber que a história tem falhas... A desvaloriz­ação

- TEXTO CAROLINA PINTO FERREIRA COM JOÃO BÉNARD GARCIA | FOTOS COFINA MEDIA

Amadrugada de 13 de Junho de 2009, em Las Vegas, continua a assombrar a vida de Cristiano Ronaldo. Acusado de uma alegada violação a Kathryn Mayorga – segundo a própria, foi forçada a ter sexo anal – o jogador da Juventus, de 33 anos, continua a ser investigad­o pelas entidades norte-americanas. São revelados cada vez mais pormenores sobre a noite que envolve CR7 neste escândalo sexual. Mas as opiniões sobre o que realmente terá acontecido nesta suposta noite de terror, e que está a pôr o craque português nas bocas do Mundo, divergem.

A história foi relatada, na primeira pessoa, pela americana, hoje com 34 anos, ao Der Spiegel, e quem lê o documento integral depara-se com questões que, para muitos, não são “coerentes” e que podem prejudicar a alegada vítima, na altura dos acontecime­ntos com 25 anos.

O primeiro momento questionáv­el trata-se de um pequeno diálogo entre Cristiano Ronaldo e uma das pessoas que o acompanhav­am, havendo a hipótese de ter sido com o cunhado, José Pereira (ex-marido de Katia Aveiro), que estava presente. Tudo isto no momento em que o craque português se encontrava com a americana na casa de banho,

instantes antes de ter ocorrido a alegada violação, mas já depois de, segundo a agora professora, ele lhe ter “implorado para que lhe tocasse no pénis por 30 segundos.”

Segundo Kathryn esta recusou-se a fazê-lo, e o jogador terá então afirmado: “Deixo-te sair se me deres um beijo”, ela cedeu e o momento terse-á descontrol­ado. É exactament­e aqui que ambos foram interrompi­dos por um dos amigos de CR7 que, do outro lado da porta, terá perguntado: “O que estão a fazer?”. Mayorga avança que aí terá ajeitado o vestido e dito: “Estamos de saída!”.

A questão que se impõe e que todos colocam é se Ronaldo e os amigos são portuguese­s, em que idioma terão falado para que Kathryn entendesse? Esta é uma das muitas interrogaç­ões da polícia.

REGRESSO AOJACUZZIE­À DISCOTECA

O segundo momento que está a causar muitas dúvidas é, exactament­e, o que aconteceu após a suposta violação. Na descrição feita à publicação alemã, Mayorga afirma: “Tudo aconteceu tão rápido que nem sabia ao certo o que tinha acontecido. É como se não estivesse ali.” Depois de Ronaldo se ter desculpado com o sucedido, a americana terá dito que “ninguém iria saber o que se tinha ali passado”.

É aí que surge mais um episódio que muitos põem em dúvida. Supostamen­te, a amiga de Kathryn, Jordan, lembra-se perfeitame­nte de ter visto a alegada vítima sair do quarto “com o cabelo despentead­o e a maquilhage­m borrada” e ter perguntado várias vezes ao português: “O que fizeste à minha amiga?”. Segundo a professora, o futebolist­a terá respondido: “Está tudo bem. Somos amigos”. O que vários especialis­tas forenses e advogados acham estranho é a reacção de Kathryn Mayorga depois destes acontecime­ntos supostamen­te violentos. “Estava em transe. Eles sentaram-se no jacuzzi. Primeiro, ele sentou-se ao pé de mim e eu desvieime porque não queria estar perto dele. Depois, ele levantou-se e foi-se embora. Assim que ele saiu, só me lembro de me ter atirado para o jacuzzi”, revela. Já dentro do jacuzzi, a americana diz que pensou para ela própria :“Ok, tens de estar bem agora. A Jordan continuava a perguntar-me se estava tudo bem. Comecei-me a rir e disse-lhe: ‘Não aconteceu nada. Céus, não acredito que estamos a olhar para esta vista!” Na versão do jogador, a madrugada de 13 de Junho terá acabado de forma diferente. O craque afirma que após terem tido relações sexuais, ambos regressara­m à discoteca onde tinham estado antes de irem até à penthouse do hotel Palms e estiveram novamente a dançar. Ambas as versões poderão não abonar a favor da queixosa...

PROVAS PERDIDAS

Eis outro facto que poderá não estar a ajudar Kathryn Mayorga. Segundo o Der Spiegel, o advogado da americana, Leslie Stovall, revelou que a polícia de Las Vegas perdeu as provas que a cliente entregou à polícia em 2009, no dia em que alegadamen­te apresentou queixa contra Cristiano Ronaldo. Para além disso, também não terão guardado as declaraçõe­s que esta fez na altura, tal como o vestido e a roupa interior que a professora usava naquela noite. Outro factor relevante é o facto de Mayorga ter aceitado o acordo extrajudic­ial. Kathryn aceitou receber 324 mil euros para se remeter ao silêncio, o que os advogados de Ronaldo podem usar para a acusar de chantagem e oportunism­o. No entanto, a norte-americana alega que, na altura, não avançou com a queixa porque não estava em condições psicológic­as de o fazer e porque foi desincenti­vada pela polícia, por o acusado se tratar de uma figura pública com muito poder.

“Tudo aconteceu tão rápido que nem sabia o que tinha acontecido. É como se não estivesse ali.”

Kathryn Mayorga

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 ??  ?? Esta semana CR7 veio a Lisboa reunir-se com a família e os advogados. A vida de Ronaldo virou um inferno desde que saiu do Real Madrid para a Juventus. Há quem não ache coincidênc­ia.
Esta semana CR7 veio a Lisboa reunir-se com a família e os advogados. A vida de Ronaldo virou um inferno desde que saiu do Real Madrid para a Juventus. Há quem não ache coincidênc­ia.

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