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“CASAR? IAPROVOCAR-ME MUITO STRESS”

Nesta entrevista assume-se mais sexye confiante. Foi um processo longo, reconhece, mas, aos 40 anos, sente-se “genuinamen­te feliz”, até por ter deixado de ser “um bocadinho preguiçosa”. A estrela da SIC fala ainda sobre o namorado, a relação com Pedro Te

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Fez 40 anos a 20 de Junho. Tinha medo deste número? Foi mágico fazer anos porque tive uma festa-surpresa. Fazer 40 não mudou nada. A sociedade tem um preconceit­o contra esse número,éumaqu estão para toda agente, mas, para mim, fica marcado pela minha evolução, cresciment­o e de ter conquistad­o o meu lugar. Hoje tenho mais capacidade de acreditar em mim, profission­almente e pessoalmen­te, e sei lidar com tudo em paz, de forma fluida. Tenho uma consciênci­a muito grande do ques ou, eé super positiva. Mas está diferente?

Sei o que esperam de mim. Hoje, não tenho a preocupaçã­o do que as pessoas pensam de mim em relação aquilo ou aqueloutro. Sente-se sexy? Super! [risos] Mais do que nunca. Sendo honesta, e sem falsas modéstias, aprendi a lidar com esse meu lado. Antes ficava encavacada por mostrar, hoje não tenho esse problema. Se tiver de fazer fotos ousadas, já não tenho problemas, como não tenho se me pedirem para fazer de feia para uma personagem: se me quiserem desgrenhad­a, cheia de cicatrizes e até gorda, aceitarei... Hoje sinto-me confortáve­l com a minha imagem, com a forma como sou abordada e como sou vista...

Sabe que é um modelo para muitas pessoas? Sim, mas sou sempre fiel a mim mesma. Esquece-sena rua de queéaCláud ia Vieira, a actriz?

Eu sou muito eu naturalmen­te e até me esqueço de que estou a ser observada. Se for preciso até pergunto, quando olham para mim, se precisam de alguma coisa. Mas eu sou muito comunicati­va e gosto de pessoas, porque sempre fui assim. Não tive de adoptar esta forma de estar por fazer parte da televisão. Felizmente...

Até na praia?

[Riso] Aí tenho um truque. Detesto ter um telefone apontado para mim sem viremter comigo, porque eu a choque não sou, não somos, actores-objecto. E as pessoas têm de ter esse respeito. E quando isso acontece avanço em direcçãoàp­es soa e digo-lhe quenã olhe custava nad ater-me pedido, porque eu fariaa fotografia. Caso contrário, quando me abordam na praia, tento ser eu: e faço a foto com o telemóvel da pessoa. Porque se for eu, está controlado... Não estou com o rabo de fora [risos]. Em Alma e Coração parece estar literalmen­te de alma e coração no papel de Diana. Hoje é mais actriz do que era? Acho que já o sou há um tempo. Acho que, em Paixão, a fazer de Teresa, uma personagem que não ame ide início e que tive dificuldad­e em mostrar que tinha gostado do resultado, comecei esse caminho. Porque é difícil fazer uma mulher que se anula. Foi um desafio fazer uma personagem que não tinha brilho, que não sobressaía e percebi que isso é que era ser actriz. Se calhar, antes disso, ainda não tinha essa compreensã­o. O passo de viragem, contudo, foi quando fiz teatro... a forma como vivi e com as pessoas que foram: a Sofia de Portugal, a Cucha Carvalheir­o, o João Lagarto... Mergulhei na arte de representa­r. E aquilo fez-me analisar a forma de construir a personagem... E decidi aplicar tudo o que aprendi ali, com eles, nesta Diana. Questionou alguma vez se estava na área certa?

Sim, mas hoje já não. Sinto-me mais actriz, mais competente.

Como é que se transformo­u na Diana? Fui fazer coach com uma pessoa que admiro, com quem me sinto confortáve­l a expor todas as minhas fraquezas e limitações, porque todos as temos. Alguém também que percebesse de televisão: e escolhi a Isabel Abreu, que fez uma Narcisa genial eé um génio no palco. Além de um ser humano maravilhos­o. Ela ensinou-me a trabalhar de outra forma. Acho que, dantes, eu era um bocadinho preguiçosa...

Tinha medo de falhar?

Tinha! Para mim, para o que me propus e pela Isabel (Abreu). E tinha medo de falhar com quem me escolheu para este papel, pelo coordenado­r de projecto que trabalhou comigo desde o primeiro minuto. Mas eu estou com a motivação certa e isso faz toda a diferença. E, claro, ajuda esta personagem dar-me espaço para brilhar. Fugiu anos a fio das protagonis­tas...

“Fui fazer coach com uma pessoa que admiro, com quem me sinto confortáve­l a expor as minhas fraquezas e limitações. Dantes,

era preguiçosa”

Fi-lo por opção, após a novela Rosa Fogo. Porque precisava de mais tempo para mim, porque a Maria (a filha, de 8 anos) pedia mais tempo. Além de que achava que ia ter um encontro com algumas personagen­s que fossem mais desafiante­s enquanto não protagonis­ta. Foi esse o objectivo. Mas agora achava que a história devia ser minha[ risos ]. E estou mesmo de alma e coração.

Mas uma protagonis­ta estraga a vida de uma actriz a nível pessoal... É exigente, obriga a uma gestão de energia gigante.

Após um dia de trabalho, como é que chega a casa? Às vezes derreada. Mas ao chegar ganho uma vitalidade que até me questiono de onde vem. E eu acho que é porque me sabe bem chegara casa, estar coma minha filha, aqueles erzinho, que uns dias é um amor e outros uma peste, mas que me completa tanto, quem e realiza. Mas atenção, depois não sou de me esticar no sofá ... Quando o faço, saboreio-o. Aliás, éapalavr acerta, eu hoje saboreio todos os momentos melhor.

Como é que a sua filha vê esta loucura? Vê-me mais ocupada...

Ela não protesta?

Protesta pois! A Maria indica tudo o que tem para exigir. Não é muito sensata nesse aspecto, algo normal numa criança. Mas faço com que ela veja as coisas.

Ela gosta da Diana?

Esta novela começou a ser gravada em Junho e ela acompanhou o início dos trabalhos. Nas férias foi muitas vezes para estúdio comigo. Eé engraçado porque e lagosta dopl ate au,respei ta, sabe estar lá, relaciona-se com todas as pessoasao seu jeito ... e foi a forma que tive, em qualquer bocadinho livre, de poder partilhar com ela vários momentos. Consegue ser sempre mãe? Sempre. Porque esseéom eu papel principal. E posso dizer queén os momentos em que estou mais ocupada que mais competente sou como mãe, porque não deixo nada em mãos alheias.

Vamos agora àquele departamen­to de que não gosta nada de falar. Está apaixonada?

Estou! Apaixonadí­ssima.

Mais hoje do que no passado? [ Hesita] Comoé que eu vou driblar isto? [Pensa] Sou mais completa hoje do que já fui.

Porque tem uma pessoa a seu lado (João Alves) que a completa mais? Não vou entrar por aí e nem vou falar da minha relação. Falo de uma forma geral: enquanto mãe, actriz, mulher e amante estou mais completa.

O que a tem levado a preservar tanto esta relação? Não escondo, de todo[ pensa ]. Tema ver coma pessoa que hoje tenho a meu lado. OJoãoéumap­es soa tímida e fica incomodado­quando lhe surge uma“parede” de fotógrafos à frente. E eu não tenho que o sujeitar a isso. Ele pode ter muito orgulho e gosto em ser meu namorado [sorri], e ele lida bem com isso, muito bem mesmo [risos], mas não tem de estar ali... Percebe? Eu é que me tenho de me adaptar...

Pensa em ser mãe novamente? Penso, e vou ser. Tenho essa certeza, embora esteja nas mãos da mãe natureza [risos].

Não sente a pressão dos anos a passarem?

Começo a sentir. Não sei se o meu corpo vai esta rapto a ser mãe até aos 43,45... porque, ainda para mais, o tempo voa. Adorava que a Maria tivesse mais dois irmãos, portanto estou a esticar a corda... Mas não é impossível. Sei que ela será mais ricas e tive rum irmão, mas será a natureza que irá mandar. E nós, mulheres, sentimos mais isso do que ninguém.

E casar?

Não sinto essa necessidad­e. Ia-me provocar muito stress ter a atenção toda sobre mim [risos ]. Sou romântica mas o casamento... É feliz? Bolas, é preciso perguntar? Sei que há muita gente que vive uma falsa felicidade, e às vezes são as pessoas menos insuspeita­s, mas eu sou genuinamen­te feliz, independen­te da minha família ser perfeita, ou não. Falemos então de família... Estão separados há muitos anos, mas dividem um afilha. Qualéasu are lação com Pedro( Teixeira )?

[Hesita] Não gosto de me alongar porque eu e o Pedro temos uma imagem pública muito grande e o que quer que digaé logo um chavão. Mas oPe dr oéo pai da minha filha, uma pessoa por quem tenho um carinho grande e respeito muito.

Ok, voltando à Diana, preocupou-a a parte artística da personagem, como andar nos panos, fazer trapézio? Não. Aparte física vejo-a com pica, com adrenalina, é uma coisa de que gosto e que faz parte da minha natureza. Não

fazia, claro, esta parte dos aéreos, o contacto com tecidos,trapézio, mas não me assustou. Porque sei que existem duplos, porque é assim que a televisão funciona... Mas, ao mesmo tempo, quises taro mais apta possível para, quando editassem as cenas, não terem de cortar sem necessidad­e. Por isso comecei a fazer ensaios em Maio e, sempre que era preciso, por mais podre que andasse, queria fazer mais. Primeiro, porque me compensava as faltas ao ginásio para o qual comecei a deixar de ter tempo e depois porque aprendi uma nova modalidade. Há muitas nódoas negras?

[Mostra os braços de lado] E as mãos? [mostra as marcas nos dedo sena pele ]... Já nem pinto as unhas. Mas bora lá... Voltemos ao seu trabalho. Este “casamento” com a SIC é para continuar por quanto tempo?

Por muito tempo, acredito. Não vejo porque não, mas há grandes mudanças nesta nossa vida [faz uma pausa]. Continuo a ter um grande carinho pela TVI, onde de resto apareci. Não considero o que fiz em Maré Alta trabalho de actriz. Na TVI, sim, nos Morangos por muito má e canastrona que tenha sido [risos]... Mas, voltando atrás, gostei muito de trabalhar na TVI, mas quando fui convidada pela SIC senti-me desejada e isso é bom. E enquanto for desafiada quer na representa­ção quer na apresentaç­ão, que me obriguem a lutar, estou bem. Mas estou feliz onde estou. ●

“[É feliz?] Bolas, é preciso perguntar? Há muita gente que vive

uma falsa felicidade, e às vezes são as pessoas menos insuspeita­s, mas sou genuinamen­te

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TEXTO HUGO ALVES I FOTOS LILIANA PEREIRA
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