Mulher de ENERGIAS
A actriz não gosta de gravar as cenas de macumbas, pois, apesar de não acreditar, incomodam-na. Mas a novela da SIC abriu-lhe uma nova realidade
Só aos domingos é que Soraia Chaves garante que consegue “dormir até tarde”. A actriz, de 36 anos, que dá vida a Júlia em Alma e Coração, tem estado a trabalhar sem parar na trama da SIC e encontrar pausas tem sido raro. “A novela tem-me roubado tempo e energia. Mas divirto-me muito. Mesmo dentro do drama há sempre o sentimento de que nos estamos a divertir”, explica.
A fazer uma mulher absolutamente virada para o misticismo, são essas cenas que fazem mais confusão à actriz. “As cenas mais estranhas de fazer são as das macumbas como as que gravei na segunda-feira. São momentos muito negros”, conta. “Eu não acredito… mas também não quer dizer que não existe. Acredito que todos nós temos o poder da projecção, no que pensamos e desejamos quer seja para o bem ou para o mal. Aquilo que fazemos ali é ficção, mas se fosse verdade ficaria com muito medo”, deixa escapar.
Apesar disto, o convívio com este misticismo levou Soraia a passar a ver a vida de outra maneira. “Hoje estou mais atenta às energias. Fiquei com uma consciência sobre o assunto muito diferente da que tinha.”
ETIQUETA DE BOAZONA
Este não será o único trabalho que a actriz terá na televisão, já que brevemente estreia 3 Mulheres, na RTP1, na qual dá vida à histórica Natália Correia, ao lado de Victoria Guerra e Maria João Bastos. “Foi um projecto muito especial, feito há quase um ano. É uma série pela qual tenho curiosidade, porque vamos mostrar três mulheres muito importantes para a sociedade portuguesa. Mulheres que não se calaram, mesmo no tempo de Salazar, o que na altura era arriscado.” Contudo, Soraia Chaves acha que o tema está na ordem do dia, numa altura em que existem tantos movimentos de defesa feminista. “Ainda estamos a lutar por um lugar de igualdade”, diz, reconhecendo que no início da carreira também a sua sensualidade e o facto de ser mulher lhe limitou a carreira. “No início, houve uma certa necessidade de me colocarem uma etiqueta. Reduzirem-me pelo aspecto físico, mas com o meu trabalho consegui, ao fim de algum tempo, outros papéis. Hoje sou absolutamente livre.” ●