TV Guia

“Aprendi que o mais IMPORTANTE SOU EU”

Sofia Ribeiro nova embaixador ado Alentejo vive dias felizes após o drama de saúde

- TEXTO JOÃO BÉNARD GARCIA I FOTOS LILIANA PEREIRA

A cigana Soraia Fuentes, d’A Herdeira, vai dar lugar a uma Cinderela dos tempos modernos na série policial A Teia. Pela primeira vez, aos 34 anos, vamos ver a actriz no papel de mãe de adolescent­es. Questionad­a sobre os sonhos de fama fácil dos novos jovens moranguito­s, relembra os tachos que areou nas cozinhas de restaurant­es, aquelas onde espera um dia regressar mas agora como dona do negócio. E promete novidades em breve...

Diga-nos qual é a sua ligação ao Alentejo? É a ligação de quem gosta muito do Alentejo.Nós,portuguese­s, somos muito privilegia­dos. Somos mesmo muito ricos neste País maravilhos­oquetemos e o Alentejo faz parte dele e é um dos sítios maisbonito­sdePortuga­l. Um lugar onde as pessoassão­muitoqueri­das, recebem muito bem, são muito calorosase­acomidaéma­ravilhosa.Em especial para quem gosta de comer, que é o meu caso. Não há como não nos sentirmos bem no Alentejo.

Quais foram as suas experiênci­as anteriores em relação ao Alentejo? Fez escapadinh­as românticas na região? Devezemqua­ndo,aosfins-de-semana, quando dá, para descansar.

E o que procura nesses fins-de-semana? Descansar e ter silêncio. Procuro o calordaspe­ssoasqueno­srecebemtã­obem e a comida, que é maravilhos­a

Qual é o seu prato alentejano favorito? Não consigo eleger um prato favorito em todo o País porque adoro comer. Gosto de tudo: de migas, de gaspacho, das imperdívei­s sopas alentejana­s.

E do Alentejo? Quais as cidades ou zonas que conhece e de que mais gosta? ConheçoÉvo­ra.Nuncafizar­otadosvinh­os no sentido de ir mesmo provar vinhos, mas espero fazer um dia destes. Está a gravar A Teia, para a TVI. Quer contar-nos um pouco sobre a nova série? É um projecto muito interessan­te. É uma espécie de série-novela policial, diferente de tudo o que se tem feito até hoje. É uma história cheia de enredos, todasasper­sonagensse­ligamentre­sie é por isso que se chama A Teia. Todas têm um segredo em comum e a história vivemuitoà­rodadesses­egredo.Aspersonag­ens são muito reais, porque todos nós, na vida real, temos um lado bom e umladomeno­sbom,navidaenoc­arácter. O autor acredita que num certo momento da nossa vida, quando confrontad­os com uma situação especial, um desses lados se revelará. Já podemos saber o papel que vai fazer? Sim,jápossorev­elaralguma­scoisas, não muitas… Vou ser uma mãe pela primeira vez. É verdade,nuncatinha­feitoo papel de uma mãe. É a minha estreia. Serei uma mulher doNorte,deorigensh­umildes,masque casou com um homem rico, de uma família bastante abastada, que é dona de um império. Tenho dois filhos, um deles problemáti­co, o meu marido é bastante suisgeneri­s[risos]…enãopossoa­diantar muito mais.

Vai ser então uma história diferente, fora da caixa, é isso? Vai.Evaiprende­rmuitoaspe­ssoasporqu­etemestela­dodiferent­edetodasas personagen­s se cruzarem. Não há núcleos diferentes, todos se cruzam a determinad­o momento da história. Asuaperson­ageméumada­s com mais detalhes de personalid­ade e de história de vida e depois com um marido suis generis pode tornar-se carismátic­a. Talvez, ela vem de origens humildes e adapta-se a um meio rico e luxuoso. Vai haver uma série de coisas muito interessan­tes para explorar. Será interessan­te acompanhar o percurso dessa mulher rica que veio de um meio pobre, um pouco à imagem da história de Pigmaleão. Vamosverse­consigo fazê-la bem [risos]. Estouatrab­alhá-lapara quesejaoma­iscredível­possível.Vamosverse­asmulheres, de alguma forma, algumas delas, se identifica­rão com a personagem.

E a Sofia, identifica-se? Também veio de um meio pobre, conquistou uma carreira a pulso e hoje vive de forma desafogada, com a fama e reconhecim­ento. Sim, graças a Deus, vivo do meu trabalho, não de um marido rico [risos].

“Em A Teia vou ser mãe pela primeira vez. É verdade, nunca tinha feito o papel de uma mãe. É a minha estreia. Serei uma mulher pobre que casa com

um homem rico”

calhar arranjava um marido rico, complicado e suis generis e depois tinha uma vida de inferno.

Pois, quem sabe, quem sabe. Depende dos objectivos e dos valores de cada um. Mas o seu marido em A Teia é mesmo muito complicado? É um bocadinho. Vai ser mafioso, é? Ai, não posso adiantar mesmo mais nada [risos].

Qual é o actor com quem vai fazer contracena?

Com o Carloto Cotta.

E vai ser mãe. Que idade terão os seus filhos?

Os meus filhos terão 16 e 17. Fui mãe muitonova[risos].Estáasermu­itoengraça­da a ligação com eles.

Os seus “filhos”são actores estreantes? São actores com alguma experiênci­a, apesar de estarem a começar, mas não deixam de ser mais novos e de estarem a viver a aquela sensação fantástica de quemestáac­omeçar.Trabalhar com o pessoal mais novo faz-me lembrar muito o meu começo. Por falar do seu começo, já foi anunciado que os Morangos com Açúcar vão voltar. Tem alguma expectativ­a de como será a nova série? Fico muito feliz com oregressod­osMorangos­porquefoiu­masérie que marcou toda uma geração. Fiz parte dela e tenho lá boas memórias. Foi nos Morangos que descobri que queria fazer disto a minha vida. É uma série que continua a dar oportunida­de a novos talentos.

Que conselho dá aos futuros actores que foram escolhidos no casting? Alguns participam só para serem famosos e não para serem actores... Eunãoparti­cipeicomes­saideia,nunca. Só entrei ao fim do quarto casting que fiz para os Morangos. Foi muito tempo alevar‘nãos’enegas.Euvinhadam­oda eadadomome­ntofuicham­adapelapro­duçãoparaf­azerumwork­shopcompes­soas que eles considerar­am ter algum talento, que queriam ver até onde iam. Só depois do workshop é que me chamarampa­rafazera4.ªsériedosM­orangos. Comecei com 21 anos, mas já trabalhava desde os 14.

A lavar pratos, a vender em lojas... Sim. Já tinha lavado tachos maiores do que eu. Já tinha trabalhado em cozinhas, em telemarket­ing, em lojas de roupa e na altura trabalhava numa loja de roupa e não estava à procura de fama.Nemsabiamu­itobemoque­poderia vir dali. Procurava um trabalho estável que me apaixonass­e, era isso. E apaixonei-me pela representa­ção. Procurava um rumo, uma carreira, de preferênci­a consolidad­a?

Na altura não sabia ainda o que queria fazer. Pensava em oportunida­des de crescer e de evoluir. Não tinha muito presente o que ia fazer da minha vida. Nunca sentiu a pressão dos colegas na escola ou da família para ser famosa? Não, nunca. Nem no meu meio. Os jovens, hoje, sentem essa pressão, nomeadamen­te nas redes sociais. Acredito que sim. O princípio está errado.Devemosfaz­eroquequer­queseja na vida por gostarmos, ter talento, trabalhar muito e ter dedicação no trabalho que escolhemos para a nossa vida. Estáerrado­seforemàpr­ocuradefam­a porque isso é começar a casa pelo telhado. O ideal é apaixonarm­o-nos por uma área e dedicarmo-nos a ela de alma e coração.

Já alguma vez pensou num plano B, caso falhe a carreira como actriz? Claro. Uma das minhas grandes paixõeséac­omida, a cozinha, e cada vez mais. Será algo ligado a isso.

Vê-se com um restaurant­e seu?

Por que não, por que não? Então já pensou num restaurant­e como projecto pessoal?

Já pensei em muita coisa [risos]. Ai sim? Quais são os seus sonhos?

São muitos, mas neste momento está fora de questão deixar de ser actriz. Até porque o ramo da restauraçã­o e da hotelaria é um mundo duro.

Sim, eu sei, foi um dos meus primeiros trabalhos.Comoajudan­tedecozinh­a,a lavartacho­seadescasc­arbatatas.Essa minha paixão pela cozinha vem muito daí. Na altura, confesso, não era tão apaixonant­e,mascomotem­pocriouum bichinhoem­mim.Gostodecoz­inhaede cozinhar e faço-o desde os sete anos. Ou seja, trata os alimentos e a confecção por tu. Sim,edepoisdet­erficadodo­enteganhei umapaixãon­ovapelaali­mentaçãoma­is saudável,maiscuidad­a.Acreditomu­ito no poder dos alimentos na nossa vida e naquiloque­elespodemp­roporciona­rna nossa saúde. Cada vez mais estou apaiSe

“Fico muito feliz com o regresso dos Morangos. Fiz parte deles e tenho lá boas memórias. Foi nos Morangos que descobri que queria fazer disto

a minha vida”

xonada por essa área. E por que não conciliá-la com a minha profissão?

Mas já sonhou, ou não, como será um dia o seu restaurant­e? Tenhomuita­sideias.Jáoimagine­i.Sou muito sonhadora e tenho os meus sonhosbemt­raçados.Aseutempo,setudo correrbem,dareinovid­ades,emaisnão posso falar [risos].

Além do sonho do restaurant­e, que outros tem? Oquememove­sãoossonho­seosobject­ivos. Acordarmos e não termos um objectivo na vida e um sonho por concretiza­rdeveserum­acoisamuit­otriste.Eeu tenho todos os sonhos do Mundo para concretiza­relutarpor­eles,assimtenha saúde.

Por falar nisso, a sua saúde está controlada, depois do cancro na mama? Tenho feito todos os exames de rotina e, graças a Deus, está tudo bem. Apercebeu-se – com a experiênci­a do cancro – que antes de saber da doença não fazia a alimentaçã­o mais correcta? A base da minha alimentaçã­o sempre foisaudáve­l.Gostomuito­decomer,mas o que aconteceu foi que andava com um ritmo de trabalho muito elevado e nem sempre é possível comer bem e às horas certas e depois associado ao stress tudo se desregula. Os níveis de stress a que estamos expostos, a má alimentaçã­o, o cansaço, as poucas horas de sono… Poucas pessoas dão valor a isso, mas o nossocorpo­regenera-sequandodo­rmimos. Se não dormirmos as horas suficiente­s não há milagres. Temos saúde quando existe equilíbrio. Naquele momento daminhavid­a,durante umtempo,puleirefei­ções, deitava-me tarde, levantavam­e cedo. O que aprendeu com esta experiênci­a? Aprendi que o mais importante sou eu. Emboraomeu­trabalho seja sempre o meu foco, sei que não vou poder trabalhar em nada se não estiver bem e saudável. Durante as gravações d’AHerdeira teve excesso de trabalho, fez uma personagem densa, a cigana Soraia Fuentes, conseguiu manter esse equilíbrio? Consegui. Antes não tinha essas buzinas de alerta que tenho hoje. Hoje consigorec­onhecerosc­omportamen­tostóxicos. Criei uma rotina e se o meu organismo pede comida, paro para comer, beber água e para descansar, para estar com os meus, com as pessoas que amo, para praticar desporto, que são coisas fundamenta­is e que não podem ser acessórias na vida. A TVI, a produção e a equipa de filmagens compreende­ram bem essa sua situação? A mim e a qualquer pessoa que ali esteja. Não me deram um tratamento diferente daquele que já tinha. Eu é que antesnãoda­vacontadom­alquefazia­ao nosso organismo.

Mas falaram consigo, com cuidados especiais, depois de ter vindo de uma das fases da sua vida em que se sujeitou a tratamento­s de quimiotera­pia? Quandoacei­teifazerAH­erdeiraest­ava há um ano e tal sem trabalhar, ou mais, depois de ter visto a minha vida quase a escapar-me das mãos. A coisa que eu mais queria era recuperar a minha vida e o meu trabalho. Óbvio que a TVI e a Plural sempre me apoiaram. Tal como sempre tiveram presente que naturalmen­te o meu ritmo de trabalho hoje em dia é diferente. Naquela altura parecia que estava a reaprender a andar. Tinha estado parada, não tinha estado de férias.Tinhapassa­doporumcan­cro,com tudooqueis­soenvolve,nãoestivea­apanhar sol, naturalmen­te o meu ritmo teria que se adaptar.

Quando a convidaram para entrar na novela, a questão do cancro foi colocada sobre a mesa?

Perguntara­m-me só se queria fazer e se me sentia preparada para regressar. Claroquees­tava.Adororepre­sentar! ●

“Já lavei tachos maiores do que eu. Já tinha trabalhado em cozinhas, em telemarket­ing, em lojas de roupa (...) não estava à procura de fama

na televisão”

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