Espaço com alma BÓSNIA
O chefde Pesadelo na Cozinha deu uma nova vida a este restaurante da zona ribeirinha da capital. Aqui há muito para picar e partilhar
Ahistória tem tanto de glória quanto de luta, sofrimento e solidariedade. Nuno Sobral abriu o Porão de Santos há 15 anos. Por aqui sempre se serviu a cozinha tradicional portuguesa e nem sequer faltavam clientes, mas Sobral queria mais. Foi quando conheceu o chefde Pesadelo na Cozinha, Ljubomir Stanisic. As gravações do programa tinham começado há pouco mas Ljubo sentiu-se sensibilizado com o percurso de Nuno Sobral e não hesitou. O chefjugoslavo e o proprietário do Porão de Santos conheceram-se através do fotógrafo Gonçalo Claro, um amigo comum. Nuno Sobral é um antigo militar, preso a uma cadeira de rodas depois de um brutal acidente de mota que o deixou paraplégico. Enquanto militar, Nuno esteve na Bósnia, em Sarajevo, integrado nas forças de manutenção da paz. A ligação entre os dois foi imediata. Ljubo teve de o ajudar. O chefbósnio envolveu toda a equipa do 100 Maneiras, formou gente e reformulou cartas. Deu uma nova vida ao Porão, inspirado na antiga zona de Santos, muito frequentada por marinheiros e na ligação desta parte da cidade de Lisboa ao rio. Da cozinha mais convencional, a carta passou a ter muito para picar e partilhar. Estão lá as moelas estufadas, o pica-pau de atum ou de vitela, ceviche, dobrada com feijão branco, a salada de polvo e sangacho de atum em escabeche, o presunto Pata Negra, os ovos mexidos com morcela ou os chips de tubérculos e aioli ou ainda os fígados de pato com vinho do Porto. Com a intervenção de Ljubomir, o Porão de Santos ganhou maturidade, uma atitude mais madura, mais séria e adulta, mas também informal e descontraída. ●