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Uma vida... PACATA

A cumprir vinte anos de carreira, o músico que poucos conhecem como Ângelo Firmino voltou à escrita. Os desencanto­s, a esperança e o optimismo de um pai de família que longe dos palcos só quer é descanso. AS FILHAS E O CANAL PANDA

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Ainda o rap eo hip-hop eram mal vistos socialment­e e já Boss AC andava a fazer das rimas coração, a partir pedra e a desbravar caminho, contra tudo e contra todos. “Havia pouca credibilid­ade naquilo que se fazia. As pessoas olhavam com muita desconfian­ça para o hip-hop. Levámos muita porrada, às vezes literalmen­te”, recorda hoje o músico, quase 25 anos depois de ter feito parte daquela a que se chamou a geração “Rapública”, tão responsáve­l pelo hip-hop que se veio a fazer daí para a frente. “Gosto de acreditar que nós, aqueles que começámos, temos a nossa quota-parte de responsabi­lidade. Acho que o hip-hop em 2018 não estaria onde está hoje. Foi a persistênc­ia que fez com que as coisas acontecess­em e eu sempre tive essa atitude de ir à luta.”

Ora, é precisamen­te essa atitude que volta a estar patente no novo disco de Boss AC, sugestivam­ente intitulado Vida Continua, um álbum que fala de desencanto­s e desilusões, mas também de esperança, de olhar em frente e de optimismo. “A ideia que eu quero passar com este título é bem positiva. A vida continua porque tudo se resolve”, diz. E, para o artista, as coisas resolvem-se de preferênci­a no papel: “Sempre fui uma pessoa muito reservada por natureza. Sou sociável, mas cada vez me exponho menos, só que depois na música é exactament­e o oposto. Nela eu exponho coisas que normalment­e não exponho no meu dia-a-dia.

ANeste disco, isso sente-se muito, porque este é um álbum muito pessoal. Há músicas aqui que são quase um desabafo.” A cumprir vinte anos de carreira sobre o seu primeiro disco, Manda Chuva, lançado em 1998, Boss AC continua a ser o nome artístico de Ângelo Firmino, um homem como outro qualquer que, fora dos palcos, quase se esquece da personagem que criou. “Vivo a minha vida como Ângelo Firmino e raramente me lembro do Boss AC. A minha vida é a antítese e é o mais pacata possível. Sou pai de família e quero é paz e descanso. Gosto de pensar que sou uma pessoa normal”, lembra o músico que, actualment­e, encontra nas suas duas filhas, de 3 e 1 ano, as suas grandes fãs e ironiza: “Elas gostam muito do Boss AC, mas só fui validado como artista para elas depois de ter feito umas coisas para o canal Panda.” ●

 ?? TEXTO MIGUEL AZEVEDO | FOTO BRUNO TEIXEIRA PIRES ?? Ângelo Firmino ao colo da mãe, a cantora cabo-verdiana Ana Firmino (à esq.); e ao telefone com2 anos.DISCOA VIDA CONTINUA EDITORA UNIVERSAL MUSIC PREÇO 12,99€O rapper ainda em criançaaos 5 anos (à esq.); e no início da carreira, em 1998, na Expo’98(à dir.).
TEXTO MIGUEL AZEVEDO | FOTO BRUNO TEIXEIRA PIRES Ângelo Firmino ao colo da mãe, a cantora cabo-verdiana Ana Firmino (à esq.); e ao telefone com2 anos.DISCOA VIDA CONTINUA EDITORA UNIVERSAL MUSIC PREÇO 12,99€O rapper ainda em criançaaos 5 anos (à esq.); e no início da carreira, em 1998, na Expo’98(à dir.).

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