TERAPIA DE CASAL PARA MULHERES À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS
A minha querida leitora vê Casados à Primeira Vista? Vá, só aqui entre nós... diga lá, vê ou não? Estou a falar de si, não das suas amigas, que essas eu sei que vêem e que seguem as histórias da “mulher troféu” Ana, do desesperado por amor Hugo, do surfista giro que se farta Dave e da Graça que tem imensa graça porque está ali para as curvas com o seu Conde que de nobre nada tem – à excepção da barbicha à antiga portuguesa. Bom, eu vejo. Sempre que posso. Às vezes até ando para trás para perceber melhor aquilo.
Mas eu gosto de reality shows, toda a gente sabe. Por isso, a única coisa que me enfada realmente ali é as coisas não acontecerem em tempo real. Ou seja, o reality Casados ter sabor a novela na qual os actores vão no episódio 90 e nós ainda só estamos a ver o 20. Mas enfim, faz parte do formato.
Agora diga-me lá, minha querida leitora: vê o programa porquê? Eu, pela parte que me toca, não é para fazer contas de cabeça e imaginar qual o homem certo que “os especialistas” encontrariam para mim – como me dizia um destes dias uma amiga. É mais para olhar para tudo aquilo e ver o que se enquadra na minha história de vida. Consigo é a mesma coisa? Pois lá está. Eis o sucesso de Casados: uma daquelas histórias, uma daquelas situações, vai ter sempre algo a ver connosco ou com as pessoas com quem nos relacionamos. Já todos estivemos em jantares nos quais os donos da casa discutem o tempo todo e nos dão vontade de dizer ‘boa noite’ e ir embora, já desejámos ter o pequeno-almoço servido na cama de forma romântica e, quando esse dia chega, achamos que aquele café está frio... Já todas nos questionámos por que continuamos a aturar parvoíces “àquele” homem – no caso, sempre o nosso – e se não deveríamos mas era separar-nos e seguir cada um o seu caminho. Ou se, pelo contrário, ele é o ideal para nós... porque de certeza que não encontramos melhor e temos medo da solidão. Identificase com tudo isso? Imagino que sim. A SIC está a cumprir a função de consultório terapêutico. Só não podemos levar demasiado a sério. Como os signos, por exemplo. Afinal, é de entretenimento que se trata.