Moniz, Deus ou Diabo?
A nova tendência da informação da TVI é multiplicar rubricas. Depois de Sousa Tavares à segunda-feira, agora é a vez do antigo director-geral executar mais de 20 minutos do noticiário principal da estação
Ainda não há consenso entre os historiadores dos media sobre quem tem o verdadeiro mérito pela escolha do Big Brother para a TVI. Terá sido decisão de José Eduardo Moniz, ou imposição do presidente da empresa, Miguel Paes do Amaral? Ao jeito dos grandes enigmas da humanidade, provavelmente só os dois homens saberão a verdade toda, e a nós, comuns mortais, resta-nos ficar conformados com o eterno cruzamento entre as duas versões. Intuição de Moniz, ou teimosia genial de Paes do Amaral, a verdade é que forçou o fim da era de Rangel na SIC, e lançou quase duas décadas de liderança da TVI. Dezoito anos depois, Moniz estreou Deus e o Diabo no Jornal das 8. Todos os que têm menos de 40 anos não se recordarão do Jornal de Sábado que fez a fama de Moniz na RTP. Era um magazine de informação. Na altura era um achado, mas, para os padrões de hoje, seria uma banalidade. É a essa herança que se procura fazer jus. Deus e o Diabo junta entrevista, comentário, perguntas colocadas por espectadores via skype, e o que mais se vai ver. Uma autêntica caldeirada de informação, num estilo peripatético, ou seja, Moniz deambula pelo estúdio enquanto navega entre estilos, géneros e conteúdos. A estreia liderou, pouco acima dos 23%, com um milhão de espectadores. Mas há muito a corrigir, algo natural para uma primeira emissão. A começar pela interactividade. Quando alguém entra por skype e ninguém em casa percebe o que foi dito, a não ser o pivô, algo se quebra na verosimilhança da emissão. Uma boa ideia não pode morrer assim. É preciso intervir urgentemente. ●