José Sócrates apanhado à porta da nova casa ESPECIALISTA detecta mentiras
O ex-primeiro-ministro foi entrevistado pela SIC na Ericeira e respondeu a várias perguntas do jornalista. Falou verdade ou mentiu? A TV Guia pediu ajuda a Alexandre Monteiro... e ele não é simpático para com o socialista
ATV Guia pediu a Alexandre Monteiro, mestre em decifrar pessoas e autor do livro Os Segredos que o Nosso Corpo Revela, da Manuscrito Editora, para analisar a verdade e a mentira das respostas e das reacções corporais e verbais de José Sócrates quando foi abordado à porta da sua casa na Ericeira.
O especialista viu e reviu o vídeo da entrevista do ex-primeiro-ministro à SIC e não tem dúvidas. “Logo no início da abordagem, quando Sócrates diz: ‘Eu quero responder, hummm, responder-lhe a si e à SIC, e faço sem exemplo, mas quero responder-lhe para lhe dizer o seguinte...’. Usou repetições de palavras para ganhar tempo para pensar na resposta, repetindo-se para ir construindo um raciocínio. Enchimentos verbais, como ‘hum!’ ou ‘ham!’, têm como único objectivo ganhar tempo.”
Mais claro para o mestre em decifrar pessoas foi a explicação que José Sócrates deu em relação à casa do primo. “Decidi aceitar um convite de um familiar que me é muito próximo, que me é muito querido”, disse o socialista quando apanhado em directo. Essa resposta também não deixa dúvidas a Alexandre Monteiro: “O ‘sim’ ou o ‘não’ são mais verdadeiros quanto mais directos. Se a pessoa passa directamente para a explicação, sem dizer ‘sim’ ou ‘não’, existe uma maior probabilidade de estar a mentir.”
Durante os minutos seguintes da breve entrevista, José Sócrates não se defende das acusações e começa de imediato a atacar. Em relação à frase “não sei onde é que o sr. jornalista vai buscar a ideia, que tem o direito de...” ,o coach, que também é comentador de televisão, salienta. “O ‘nevoeiro’ é uma pista de alerta e surge normalmente em resposta a uma acusação. A pessoa cul-
pada vai querer descredibilizar a sua acusação, pondo em causa a sanidade mental do interlocutor, nível intelectual ou credibilidade, ou até confundi-lo a ponto de não acreditar nas suas crenças, com uso de frases como: ‘Não estás bem’; ‘Ainda tens muito a aprender para me acusares disso!’”
CONTRA-ATAQUE COM SUSPEIÇÕES
O ponto máximo de defesa e contra-ataque do ex-primeiro-ministro aconteceu quando virou a bitola e acusou terceiros. “A Operação Marquês sempre foi isto: a tentativa de transformar um processo criminal em devassa da vida privada. Vocês estão a fazer o que o Ministério Público vos manda fazer, que é lançar dúvidas e suspeições!” Alexandre Monteiro, neste trecho da entrevista, usa todas as ferramentas técnicas para decifrar pessoas e detectar mentiras. “A regra dos três, para detectar um ‘não’ menos verdadeiro. Se a palavra ‘não’ não surgir nas três primeiras frases, apenas mais tarde, é menos verdadeiro. Por exemplo, se pergunta ‘Estás a enganar-me?’ e respondem ‘O quê! A sério? Estás a brincar! Nããããããããã!’. Mas aqui nunca se ouve Sócrates a dizer ‘não’.” “Quando Sócrates ouve ‘tendo em conta a acusação que tem’, lambe o lábio. Lamber lábio antes de responder, em especial a parte superior do lábio, antes de falar, é um indicador de que vai tornar a história mais agradável e pode ser visto como uma tentativa de manipulação”, esclarece o perito Alexandre Monteiro, sublinhando ainda que “pôr as mãos nos bolsos é um sinal”. “As mãos não ilustram o que dizemos, mas o que pensamos, daí que ao mentir a tendência seja os movimentos das mãos não acompanharem as palavras ou então queremos escondê-las.” ●