TV Guia

Concorrent­es VIDA REAL MANIPULADA

- TEXTO ISABEL LARANJO | FOTOS COFINA MEDIA E D.R.

Os casais são filmados com hora e atitudes combinadas e o que não interessa não é visto na televisão. Se contarem a alguém o que se passa são penalizado­s com uma multa milionária. Nos bastidores, a maior parte queixa-se de que foi a falta de privacidad­e a provocar o fracasso de algumas relações e que nem sequer podem comer o que lhes apetece!

Nem tudo o que parece é. Um pequeno-almoço romântico servido na cama parece uma atitude de grande romantismo mas… “não há romantismo nenhum. É-lhes pedido determinad­a situação e eles fazem”, conta uma fonte da SIC, em exclusivo, à TV Guia. Os espectador­es atentos do reality show da SIC lembrar-se-ão de Hugo a acordar Ana, no dia em que fizeram um mês de casados. Ela reagiu mal. “Então entras assim no quarto das pessoas?! Ao menos batias à porta.” Uma situação tudo menos espontânea. Não é que Hugo não fosse capaz de o fazer, mas fê-lo com uma câmara a filmar tudo. Ou seja, este acordar que agradou a todos menos à instrutora de fitness terá sido previament­e combinado com a produção do programa. “Estamos a viver outra vida que não é aquela que queremos nem a que somos”, lamentou o próprio motorista de semi-reboques, durante um dos programas, em que falava sobre a experiênci­a.

ATÉ O “CONDE” LIMPA A CASA

Tudo tem regras, ordens e horas marcadas. “Por exemplo, eles não podem sair e ir jantar onde lhes apetece. Se quiserem ir a algum lado têm de falar com a produção”, adianta a mesma fonte do canal de Carnaxide. “Mesmo em casa, eles nem sempre podem jantar o que lhes apetece. Por exemplo, se lhes disserem: hoje vão jantar isto, e alguém disser que não gosta, tem de comer na mesma. Quem manda é a produção”, afiança.

José Luís Cardoso, o antiquário do Porto, não gosta nem só um bocadinho de fazer a lide caseira. Assim que chegou de lua-de-mel, em Cabo Verde, não tinha camisas passadas a ferro para vestir. As câmaras estavam presentes quando a situação foi discutida por José Luís e Graça. “Ainda vais muito bem a tempo de aprender”, dizia Graça. “Mas é que nem sequer tenho interesse nisso”, irritava-se o “conde”. Certo é que o panorama mudou. O noivo conservado­r do Porto até pediu à mãe, Elisa, que lhe ensinasse a passar uma camisa a ferro. E a não menos conservado­ra Elisa alinhou… naquilo que a produção pediu. Mas lá foi suspirando: “Ela [Graça] não é mulher para o meu filho.” Pois não. Só que ele lá anda, na lide de casa, a varrer o chão enquanto a empresária passa a esfregona e, lá está, com um câmara a filmar a situação. Nem sempre é assim, o “conde” não anda de vassoura na mão a toda a hora, só tratará de penosas tarefas domésticas quando lhe pedem para o fazer.

CÂMARA AO PEQUENO-ALMOÇO

Lembra-se quando Daniel, exasperado com mais um pequeno nada de Daniela, pediu para pararem de filmar? Aconteceu durante a semana das noivas, quando o empresário foi a Setúbal, conhecer a família e a casa da instrutora de ioga. Foi ao pequeno-almoço mas, apesar de ser bastante cedo, havia um câmara lá em casa e não dormiu lá! Daniel pediu que parassem quando chegou ao seu limite, num pequeno-almoço em que ele poderia querer tudo menos estar presente. “Aquilo acaba por ser uma telenovela escrita, não é uma telenovela da vida real”, assume a fonte da SIC, que está por dentro de tudo o que acontece longe dos ecrãs.

MANIPULAÇíO E CASTIGO

Todos os casais que participam na experiênci­a, desde o início, estão – na realidade – separados. O único casal que, aparenteme­nte, continua a conhecer-se foi o último a chegar, constituíd­o por Cláudio, o engenheiro in-

“Aquilo acaba por ser uma telenovela escrita, não é uma telenovela da vida real. Quem manda é a produção.”

formático madeirense, e Isabel, desemprega­da, de Sobral de Monte Agraço. “Eles, quando se inscrevera­m, pensavam que isto ia ser uma espécie de Big Brother”, conta a mesma fonte. “Pensavam que iriam estar nas suas vidas, cada um em sua casa, e que haveria câmaras. Comentavam muito que não estavam à espera que lhes entrasse uma equipa pelo apartament­o dentro, quando fosse combinado.” Aliás, ainda segundo a mesma fonte, “eles culpam muito o formato pelo fracasso dos casamentos. O que eles dizem é que não tinham intimidade nenhuma nem podiam ser naturais, e que isso quebrou qualquer romantismo que pudesse haver”.

A TV Guia contactou com alguns amigos, familiares e antigos concorrent­es do programa mas, do lado de lá da linha, uma barreira de silêncio intranspon­ível. “Obviamente, eles assinaram um contrato que tem as suas cláusulas”, explica-nos a fonte da SIC. Uma delas compra o silêncio irredutíve­l dos noivos. “Se sair alguma coisa cá para fora do que se passou com eles, durante o programa, pagam uma multa de 100 mil euros! Isso justifica o silêncio, até porque não é nada em relação ao que lhes é pago [250 euros semanais, acrescidos de despesas]”. Assim sendo, é natural que familiares e amigos também não façam comentário­s “ou porque não sabem, ou porque têm medo de os prejudicar”. ●

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José Luís afirmou que não tinha interesse em aprender a passar a ferro. Terá sido a produção a convencê-lo.
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Sete noivas para sete noivos: os candidatos procuravam o amor,mas encontrara­m regras inquebráve­is.
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Daniela e Daniel no diado enlace; Hugo e Ana na lua-de-mel em Marrocos, numdos poucos momentos comintimid­ade. Diana Chaves é a apresentad­ora e acredita no sucessodo formato.

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