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Afinal, o jornalista tirou uma licença sem vencimento da estação pública para ir para o novo canal rival: a TV da FPF, que, diz Gonçalo Reis, é sua “parceira”. Trabalhado­res, revoltados, querem explicaçõe­s

- TEXTO JOÃO BÉNARD GARCIA I FOTOS RICARDO RUELLA

Ao contrário do que o próprio Carlos Daniel tinha afirmado numa entrevista que deu a 24 de novembro à SIC, este jornalista da RTP nunca rompeu o seu vínculo profission­al e contratual com a estação pública, mas apenas pediu uma “licença sem vencimento” para trabalhar no canal privado da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), apurou o jornal Correio da Manhã (CM).

Nascido há 49 anos em Paredes e que se formou em Sociologia, Carlos Daniel assinou um acordo secreto com Gonçalo Reis, presidente da RTP, em outubro último e assim manterá com a RTP o vínculo laboral ininterrup­to que possui desde 2001, podendo regressar à redação da televisão do Estado assim que entender. O CM soube também, junto de fonte da estação, que o contrato de “saída” não passou pelos “serviços jurídicos” da RTP que “não foram tidos nem achados neste processo”, apenas sabendo deste documento confidenci­al o presidente e a diretora de Recursos Humanos do grupo RTP.

“PARCERIA” RELÂMPAGO

Cinco horas após ter sido contactada pelo CM, para explicar os contornos deste “negócio”, a RTP emitiu um comunicado a anunciar que é “parceira com a FPF”, esclarecen­do que tem em sua posse um “memorando que envolve a criação e promoção de conteúdos, partilha de direitos, meios e recursos e ainda o acesso recíproco aos arquivos” e congratula­ndo--se com o facto de que “Carlos Daniel saiu da RTP para a FPF com base neste acordo entre duas instituiçõ­es de interesse público” . “O facto de um grande jornalista e apresentad­or de televisão como o Carlos Daniel não sair em definitivo da RTP é positivo.”

REDAÇÃO EM ALVOROÇO

Entretanto, a licença sem vencimento de Carlos Daniel já abriu uma guerra interna na RTP, com a Comissão de Trabalhado­res a enviar uma carta ao Conselho de Administra­ção, à ministra da Cultura e ao Conselho Geral Independen­te, presidido pelo professor catedrátic­o António Feijó, a exigir explicaçõe­s sobre o protocolo com a FPF, sobre o contrato de Carlos Daniel e sobre se este tipo de processos são prática corrente na empresa desde 2015. ●

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Jurou numa entrevista à SIC estar a arriscar a carreira por um projeto inovador. Afinal, nunca se demitiu...

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