TV Guia

“JÁ PENSO EM FORMAR FAMÍLIA há algum tempo”

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Diz-se feliz ao lado da namorada e completo com a sua carreira, que passou recentemen­te por um desafio muito grande: fazer de monge. A cultura budista fê-lo deixar de viver a pensar no futuro ou nas ações do passado, mas não o impede de perspetiva­r a sua relação daqui para a frente com a mulher que conquistou o seu coração cem por cento alentejano

Que balanço faz de sete meses a gravar a novela Valor da Vida? Foi um projeto muito interessan­te com uma personagem que me deu muito trabalho, mas um gozo enorme. Teve de fazer uma preparação especial? Para fazer o Sri, o Paulo, procurei as comunidade­s de monges que existem em Portugal. Há umas no Alentejo e outra na Ericeira e fui lá ter. Passei um dia a observá-los: atividades, o que faziam, como meditavam, comiam… tudo. Depois li livros, vi muitos filmes, foi uma preparação engraçada porque fui ter com pessoas que veem a vida de uma forma muito diferente da nossa mas que, se pensarmos bem, na realidade faz todo o sentido. Este convívio com a cultura budista levou-o a mudar a sua forma de encarar a vida? Sim, em parte. A minha forma de viver sofre uma pequena alteração. Os monges vivem muito no presente. Ou seja, para e leso passado já foi, o futuro há devir eé uma incógnita. Para eles, a única coisa rea leque importaéop­resente e as ações que se tomam no agora. E comecei a pensar mais assim. Deixei de pensar tanto no que fiz, no que aí vem… O que interessa hoje também paramiméo que faço aqui e agora. Não quero sofrer por antecipaçã­o e nem estar a pensar permanente­mente no que fiz, percebem?

Tornou-se mais espiritual?

[hesita] Um bocadinho. Vou ser sincero: nunca fui ligado às questões da espiritual­idade. Confesso que tentei fazer yoga, meditação e não resultou. Eu gosto de desportos de ação [risos]. Sou uma pessoa de ação!

Anda de toga na novela. Foi quando a vestiu que se tornou no Paulo/Sri? Ajuda bastante. Mas como tinha feito uma grande preparação com o diretor de atores, o fantástico Marco Medeiros – que me tinha obrigado a explorar o meu corpo, os meus pensamento­s – achei que estava preparado. Ma sele foi mais longe. Quis que eu fosse um monge a sério. Foi ele que mudou a minha forma de me mover e me impediu de mexer como mexo agora [faz gestos]. Porque os monges mexem-se muito menos que eu. E para mim isso foi o mais complicado. Eles são serenos e eu não [risos]. Essa parte foi complicadí­ssima durante o primeiro mês. Tanto que saía do estúdio muito cansado. Estava tão tenso para não me mexer que até me doíam as pernas e os braços. Foi uma prova de resistênci­a só superada ao fim de um mês.

Está satisfeito com este ritmo de trabalho que a sua ligação com a TVI lhe tem imposto?

Não me posso queixar. Nunca estive muito tempo sem trabalho. Mas faz sentido também parar para uma pessoa se descolar do que fez anteriorme­nte.

Há o medo de a TVI não o chamar? Felizmente tive sempre trabalho, por isso se calhar nunca pensei nisso. Sei sempre que mais dia menos dia vou ter algo. Por isso, quando estou ausente do ecrã, aproveito mesmo a sério para descansar.

Acha que é um menino da TVI? Considero-me uma cara do canal porque eles sempre apostaramn­omeu trabalho. Logo há de aparecer outra coisa.

Gostou do final da novela?

Muito! Mas não vou dizer mais nada sobre a história, apenas que fiquei contente com o rumo que o Paulo levou. Vão ter de ver.

HABITUADO AO ASSÉDIO

Foram sete meses muito duros? Um bocadinho. Deixei de fazer muita coisa que gosto, nomeadamen­te treinar.

Sente necessidad­e ou faz parte do culto do corpo imposto pelas redes sociais? Para mim, nunca se deveu a isso. Não treino, não faço exercício por causa do que aparece nas redes sociais. Treino porque me faz bem, especialme­nte à cabeça. Deixa-me mais leve e faço com gosto. Faço ginásio, boxe, nado, corro… Tudo o que tenha ver com desporto.

Mas a verdade é que nas suas redes sociais hoje usa menos roupa…

Acho que não ponho muitas fotos assim. Não sinto essa necessidad­e. Sou quem sou. Mas sente-se um sex-symbol para as meninas mais novas?

Nada. Se acharem fico feliz. Gosto que as pessoas gostem do meu trabalho. Mas é assediado? Na rua, nas redes sociais?

O normal. Comecei com os Morangos com Açúcar, logo estou habituado às abordagens mais atrevidas [risos]. Já que fala desse produto, o que acha do regresso dos Morangos com Açúcar à TVI?

Fiquei muito contente porque é uma série fabulosa para quem quer começar a dar os primeiros passos na representa­ção.Os Morangos como sé ri eé muito

“Não me sinto nada um sex-symbol. Mas se as meninas mais novas acharem que sou,

fico feliz. Gosto de pessoas que gostem

do meu trabalho”

bem feito e como escola não há melhor. Muitos de nós, que hoje entramos nas novelas, foi aí que aprendemos as bases. Quer ir lá fazer uma perninha? Se me convidarem, porque não? Mas terei de fazer de professor… já não tenho idade para aluno [risos].

O que recorda dos tempos dos Morangos?

Acima de tudo, tenho memórias carinhosas. Foi uma altura em que aprendi bastante e conheci muitas pessoas. Contudo, confesso que não foi fácil, porque vim morar sozinho para Lisboa [é natural de Beja] e sentia muitas saudades da minha família, mas guardo boas recordaçõe­s. Passados estes anos todos, e já lá vão mais de 12, já se sente lisboeta ou ainda… [interrompe com sotaque ]... alentejano sempre! Cem por cento. Gosto muito de Lisboa, mas o Alentejo [faz um ar sonhador]... Tenho de lá ir sempre que posso. Aí e ao Algarve, onde vivi também grande parte da minha vida. E ainda lá tenho a minha mãe.

É difícil ainda a distância? Já estão separados há muitos anos…

Claro que é difícil. Por mim, tinha aqui a minha mãe, o meu pai, todos. Mas também estamos a falar de duas horas de viagem, nãoéo fim do mundo! Nesta fase que estive agravar anovela não fui lá muitas vezes, mas agora é só pegar no carro.

Esta ligação, em especial com a sua mãe, mantém-se após estes anos todos? Muito forte mesmo. E com o meu pai também. Sempre tive uma família muito unida, com aqueles valores tra-

“Quando comecei os Morangos com Açúcar vim morar sozinho para

Lisboa com 16 anos e sentia muitas saudades da minha família. Mas guardo

boas recordaçõe­s”

dicionais, e à séria. Com união, de sermos amigos.

Ainda é a eles que recorre nos dias menos bons?

A eles e à minha namorada.

O AMOR E TRIGÉSIMO ANIVERSÁRI­O

Namora há mais de três anos com a Inês Abrantes… Nãoéassun toque goste muito de falar: a minha vida privada.

Mas fala em família. Quando chega a altura de a ter com a Inês?

Já penso há algum tempo em formar família .[ Faz uma pausa] Quero, obviamente,mas nãoé um proje toa curto prazo. A Inês só tem 24 anos e eu 30. Queremos muito, mas sem planos. Está feliz? Muito feliz mesmo! Mas quer casar? Já vivemos a dois há imenso tempo. Mas não quero colocar prazos. Nem sei se irá acontecer. Não faço planos, aprendi a não os fazer.

Mas têm tempo para vocês?

Temos ambos vidas complicada­s, mas ao final do dia estamos sempre juntos. É romântico com a Inês? Um bocadinho [risos]. O normal, mas não sou de piroseiras.

Acha o romantismo piroso?

Não é isso [faz uma pausa para dar um exemplo]. Por exemplo, a Inês não gosta de flores, logo oferecer rosas está fora de questão. Jantamos os dois. É um gesto romântico. Mas acredita no amor? Muito! Fez 30 anos. Foi uma data muito marcante? Posso confessar que o dia foi estranho. Porque se sentiu mais responsáve­l? Estava na altura de ser crescido? Como vim para Lisboa aos 16 anos tive de me tornar responsáve­l muito cedo. E cresci mais depressa que o normal. Com 17 já vivia sozinho e tinha a minha vida a meu encargo. Mas os 30, voltando atrás, é estranho. E nem sei explicar a razão...

Porque acha que já não pode ser um miúdo?

Claro que posso. Gosto tanto de fazer coisas de miúdo [risos]. Acho é que a barreira dos 30 é que me incomodou. De resto vou continuar a ser a mesma pessoa. ●

“Eu e a Inês já vivemos os dois (juntos) há imenso tempo. Mas não quero prazos na minha vida [para casar]. Nem sei se irá acontecer. Não faço planos. Aprendi

a não os fazer”

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TEXTO HUGO ALVES I FOTOS SÉRGIO LEMOS
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O ator vive há três anos com a namorada Inês Abrantes.

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