“Portugal é ESPECIAL”
A artista baiana atua na Casa da Música, no Porto, a 23 de janeiro, e no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, dois dias depois. Para ouvir os sucessos da carreira, mas também o novo disco Pele do Futuro
É
neta de português e mantém com Portugal, há largas décadas, uma relação privilegiada de amor correspondido. Gal Costa, um dos maiores nomes da música do Brasil, está de volta ao nosso país, menos de um ano depois de ter atuado por cá, então com o projeto Trinca de Ases, com Gilberto Gil e Nando Reis. Desta feita, a cantora vem apresentar o seu novíssimo espetáculo a solo, A Pele do Futuro, que tem por base o seu novo trabalho de estúdio com o mesmo nome.
Gal atua a 23 de janeiro na Casa da Música, no Porto, e dia 25 no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. “Acabei de estrear no Brasil. Em termos de alinhamento, é um espetáculo em que canto os grandes sucessos da minha carreira, mas também as novas canções”, diz, em entrevista à TV Guia.
A Pele do Futuro é o primeiro de originais da cantora baiana desde 2015, tendo o título sido retirado de um verso da balada Viagem Passageira, composta por Gilberto Gil, especialmente para a voz de Gal Costa. Mas há mais.
O novo registo, inspirado nas sonoridades disco sound dos anos 70, conta com um variado leque de compositores, entre os quais Adriana Calcanhotto, Emicida, Djavan, Guilherme Arantes, Hyldon, Erasmo Carlos ou Jorge Mautner e até tem um tema, Palavras no Corpo, dedicado a Amy Winehouse. “Acho que ela foi uma das maiores cantoras do mundo. Era uma inglesa, branca, que cantava como uma negra e de uma forma peculiar. E eu identificava-me com ela”, explica. “Infelizmente, a Amy não aguentou a pressão, ainda por cima porque tinha o problema da bebida e da droga”, lamenta Gal Costa, acabando por confidenciar que “a fama pode ser de facto uma pressão enorme sobre um artista”. “No meu caso, foi diferente, porque nunca tomei álcool nem drogas e consegui passar pela vida enfrentado as coisas de frente e com coragem.”
MUNDO DE INTOLERÂNCIA
Em destaque no novo disco está também um tema intitulado Minha Mãe, com letra de Jorge Mautner e que Gal canta em dueto com Maria Bethânia. “Essa canção é sobre todas as mães em geral, mas também muito sobre a minha mãe e a mãe da Bethânia. A minha era filha de português e morreu há já muitos anos, aos 89 anos. Foi uma pessoa que me apoiou muito e que me deu toda a força para seguir a minha carreira de cantora. Mas essa canção é também sobre a Nossa Senhora da Aparecida, uma santa que é uma verdadeira mãe de todos nós.”
Aos 73 anos e com uma carreira iniciada em meados dos anos 60, Gal Costa continua a encontrar em Portugal uma segunda casa, uma casa onde gosta de voltar sobretudo numa altura em que “o mundo parece caminhar para o seu fim, com toda a intolerância e violência que se vive”. “Todos estes êxodos, com gente a fugir da guerra, parece um prenúncio” .E remata: “Portugal é um lugar especial no mundo. Quando a Europa anda num turbilhão, o vosso país consegue manter a tranquilidade.” ●