“SÓ OS FORTES conseguem ser EMIGRANTES”
Concorrerá todas as noites televisivas com novelas campeãs de audiências e grandes vultos dos talk shows nacionais, como Herman José e Filomena Cautela, mas, assegura, nada a intimida. Já garantiu que vai Virar o Jogo (assim se chama o seu programa no canal 11) com a amiga Cristina Ferreira e promete serões com conversas surpreendentes.
Numa entrevista franca, fala do trabalho, da filha e dos dois anos que passou nos EUA
Descreva-nos como vai ser o seu programa Virar o Jogo. Vai ter entrevistas, muitos jogos e desafios, de segunda a sexta-feira, no canal 11? Como disse, e bem, Virar o Jogo vai ser isso mesmo; um talk show com entrevistas a personalidades que se destacam nas mais variadas áreas: arte, cinema, desporto, televisão, música, política, ciência... É uma conversa que se quer informal, bem-disposta, mas que aborda temas pertinentes, consoante o entrevistado. Baseando-me sobretudo no momento atual profissional do convidado, vou tentar que, ao longo dessa conversa, seja possível conhecer um pouco mais da sua personalidade. E desafiá-lo para jogos em que ambos participaremos. Nada que provoque qualquer tipo de desconforto, pelo contrário. Quero que se sintam bem recebidos, passem um momento agradável e tenham vontade de voltar. Prometeu que não entrará na esfera íntima dos seus convidados, mas eles estarão sempre à vontade para fazer revelações. Sabemos como são estas conversas descontraídas em late night
shows... No Virar o Jogo não haverá restrições, a não ser as do gosto e bom senso, certo? Certíssimo! Quero, como disse, que todos os meus convidados saiam do programa com vontade de regressar.
Teve oportunidade de assistir a um mundo “quase ilimitado” de late night
shows nas TV americanas. O que teve oportunidade de ver e vai trazer para o canal 11 e para o seu novo programa? Mesmo antes de viver em Los Angeles (LA) já tinha por hábito ver muita televisão, em especial talk shows. Acompanhei, durante anos, o portento que era, e é, Jon Stewart. Hoje em dia vejo Stephen Colbert, Jimmy Fallon, Conan, o Letterman (na Netflix), o Jimmy Kimmel, James Corden, SNL, a Ellen Degeneres... mas também talk shows brasileiros: por exemplo, gosto muito da Tatá Werneck, diverte-me! Vejo ainda alguns talk shows espanhóis. É natural que me vá inspirando no que se faz por aí. Até porque eles e elas fazem-no muuuuito bem!!! (risos)
Os jogos e desafios que vai pôr em prática são ideias que viu nesses programas? Dê alguns exemplos.
Sim, é verdade que alguns são inspirados nos formatos que acabei de referir, mas prefiro que vejam o Virar o Jogo e sejam surpreendidos.
Os responsáveis pelo 11 deram-lhe carta-branca para aplicar as suas ideias? Quais foram as sugestões inovadoras que trouxe ao seu formato, ou eventualmente a outros programas do canal?
Em televisão não podemos falar em novas fórmulas, pois já foi quase tudo feito. Mas há sempre espaço para novos ângulos e novas abordagens, que é o que vou tentar fazer, imprimindo nas conversas um pouco daquilo que é também a minha personalidade. Depois, é esperar que o público se identifique e prefira ficar connosco àquela hora do serão. Além da Cristina Ferreira, que convidou para ir ao seu programa e que já aceitou, que outras personalidades tem garantidas?
Sim, a Cristina Ferreira, gentilmente, aceitou conversar comigo no
Virar o Jogo e tenho a certeza de que vai ser um belíssimo programa. Já está preparado, fechado e vai ser imperdível. A lista... prefiro manter em segredo, para já (risos).
Tem receio de ficar embaraçada com a reação de algum convidado? Como acha que reagirá se alguém fizer uma confissão excecional no seu programa, como aconteceu com a revelação do Diogo Amaral, sobre a sua dependência de drogas, n’O Programa da Cristina?
Sempre me pautei pelo respeito, pela verdade e pela proximidade com os meus convidados e assim continuarei. Em Portugal, no top dos anfitriões de
late night shows estão figuras como Filomena Cautela e Herman José. Acha que o seu Virar o Jogo vai concorrer, sem complexos de inferioridade, com os programas destes dois figurões?
Tenho por hábito dizer que quando se trabalha com verdade e profissionalismo há espaço para todos!
Está nervosa com o seu regresso à televisão nacional? Não se sente enferrujada dois anos depois?
Não, nada. Juro que estou muito entusiasmada, supermotivada, com muita vontade de trabalhar e fazer um programa que possa ser uma boa alterna
“Juro que estou muito entusiasmada, supermotivada, com muita vontade de trabalhar e fazer um programa que possa ser uma boa alternativa nos serões.”
tiva para quem quer ver televisão no final de um dia de trabalho.
Sem ser a Cristina, que já aceitou, quem seriam os seus entrevistados de sonho, sejam homens ou mulheres?
Todos os profissionais de televisão têm pessoas que gostariam muito de entrevistar. A seu tempo, espero tê-las comigo no Virar o Jogo!
Percebe o suficiente de futebol para abraçar este projeto do 11?
O objetivo do canal 11 é, primeiramente, que mais raparigas e rapazes queiram jogar futebol. Queremos contar histórias do futebol, de futebol, sobre futebol, com diferentes ângulos. Tanto podemos estar na final de um campeonato do mundo, como numa escolinha do interior do país ou nas ilhas. O 11 está em todo o lado. Sou, desde sempre, uma apaixonada pelo futebol. Gosto de pensar que percebo alguma coisa de futebol, mas também não estarei a fazer programas de análise tática. Para isso já temos excelentes profissionais no canal.
Sabe por que razão a convidaram? Explicaram-lhe os motivos?
Um dos principais motivos foi exatamente por saberem que sempre fui adepta de futebol. Gosto deste desporto tão democrático que não distingue idades, raças ou classes sociais... Dentro do estádio somos todos iguais, todos contam. Gosto de ver um jogo bem jogado, vibro com a nossa Seleção! Outro motivo foi porque, com 20 anos de experiência em televisão – meu Deus, já faço 20 anos de televisão... passou tão rápido (risos) –, ganhei experiência em vários registos e isso é, penso, uma mais-valia num canal que está a começar.
Tem mais projetos na calha para o 11, dependendo do sucesso do canal? Tenho muitas ideias! Muitos formatos. Já partilhei alguns com o Nuno Santos (diretor) mas, para já, estou concentrada no Virar o Jogo.
Como descreveria o seu estado de espírito nestes dias de arranque do projeto? Estar no arranque de um novo canal é inesquecível e, provavelmente, irrepetível! O espírito que se cria entre toda a equipa, em todas as áreas – redação, edição, técnica, grafismo, produção, direção –, é excelente. Há uma proximidade e entreajuda bestiais!
Recuando dois anos no tempo, explique-nos como foi tomada a decisão de acompanhar a sua filha Carolina na sua ida para a Califórnia, com o sonho de estudar cinema? O que pesou na sua decisão de seguir com ela e deixar Portugal? A Carolina sempre demonstrou vontade de ir estudar lá fora e, no 10.° ano,
chegou o momento de ter de optar pela área (realização em cinema). Ambas achámos que LA seria a melhor opção. Decidi acompanhá-la porque ainda era muito nova para ir sozinha. Agora já está ambientada, tem amigos, rotinas, e tudo ficou mais fácil. Chorou algumas vezes em LA a pensar se teria tomado a decisão certa ao mudar-se para lá com a sua filha? Houve momentos difíceis, logo no início. Faz parte... Quando saímos da nossa zona de conforto é exatamente isso que acontece. É nesse desconforto, nessa adaptação, que acontece o crescimento... a tal magia de que tantos falam. Também falam em choque cultural. Quer descrever-nos pequenos ou grandes pormenores dessas diferenças culturais?
Os europeus e os americanos são muito semelhantes em tantas coisas. Mas nós, os portugueses, somos um povo latino, somos mais calorosos, fazemos amigos com maior facilidade. Com os americanos, sobretudo com os ‘angelinos’, é tudo mais difícil. São muito simpáticos mas mais desligados... talvez mais frios.
Estando nos Estados Unidos, e em especial numa cidade como LA, acha que ficou mais permeável (ou sensível) a temas como a inclusão social, às causas de movimentos como o #MeToo ou os direitos da comunidade LGBTI+? Como incorporou essa informação e esses valores? Voltou mais tolerante e consciente? Na verdade, como uma das fundadoras da plataforma Capazes, sempre estive atenta, sou tolerante e permeável a esses valores. Sou feminista e o meu caminho será sempre o de defender a igualdade de género e os direitos LGBTI+. Estarei sempre atenta e vigilante, quer esteja em Portugal, nos Estados Unidos ou em qualquer parte do mundo. Diz que sentiu na pele a experiência de ser emigrante? Quais são os sentimentos? Deve ser um turbilhão, em especial quando se chega ao local e é tudo novo e estranho…
Dou tanto valor aos emigrantes... Deixar o país, a família, os amigos, os afetos, chegar a um lugar, adaptar-se a uma nova realidade, língua, costumes e impor-se profissionalmente é difícil. Demora, mas só os fortes conseguem.
“Sou feminista e o meu caminho será sempre o de defender a igualdade de género e os direitos LGBTI+. Estarei sempre atenta em toda
a parte do mundo.”