Mais PESADELO em setembro
Assume-se como “maluco” por apostar nos Açores com um restaurante. Explica o que está a fazer de diferente no arquipélago e como vai agitar as águas. Depois de regressar ao continente, promete mais gritos e insultos no novo programa da TVI
Está desvendado o mistério: Ljubomir Stanisic começa a gravar em setembro os episódios da próxima temporada de Pesadelo na Cozinha, que será transmitido pela TVI antes do final do ano. Numa entrevista à Agência Lusa, a bordo de um barco de pesca desportiva nos Açores, o chef explica como o seu restaurante, Líquen, nas Furnas, em São Miguel, pretende “espicaçar” a restauração no arquipélago e revela ainda como o programa de televisão o mudou.
A terceira temporada de Pesadelo na Cozinha começa a ser gravada já em setembro. Palavra de honra de Ljubomir. Quando questionado sobre se fazer o programa mudou alguma coisa na sua vida ou na sua personalidade, o jugoslavo é direto. “Não mudou em nada”, disse, comprovando que tudo o que se passa nos restaurantes, e vemos depois na televisão, é “a realidade pura e dura”.
Garantindo estar focado nas futuras gravações de Pesadelo na Cozinha para a TVI, Ljubomir Stanisic confessa que o programa “funciona como uma tentativa de mudar mentalidades” de proprietários de restaurantes que “estão a fazer as coisas erradas”.
E é nesse mesmo espírito de denunciar os erros dos outros que o chef terá chegado aos Açores, em especial com o projeto Líquen,
um restaurante onde quer fazer tudo, mas de forma “mais cuidadosa”. E dispara, antes ainda do ataque ao modelo de negócio dos seus rivais em São Miguel, a maior ilha do arquipélago: “Neste tipo de negócio ficar parado é uma estupidez.”
TRATA AS VACAS PELO NOME
Ljubomir Stanisic diz que está apaixonado pelos Açores. Chama-lhe “pequeno paraíso que ainda não está totalmente descoberto” e promete “espicaçar” os cozinheiros locais para que aumentem a qualidade do produto e serviço finais. “Muita gente no continente disse-me que abrir um restaurante nos Açores era coisa de maluco. Ninguém aposta nos Açores. Só cá vêm para festivais, onde se cozinha durante dois ou três dias.”
O cozinheiro desafia ainda outros colegas a seguirem-lhe os passos: “Ficar cá no duro, com mau tempo, ir buscar o produto, plantar o produto, colhê-lo, isso ninguém faz. Por exemplo, todas as minhas vacas têm nome, e sou eu quem lhes dá água. É uma realidade que é rara, mas que traz uma riqueza única.”
Ljubomir abriu recentemente o restaurante Líquen, nas Furnas, e jura que está nos Açores para deixar a sua marca. E, acima de tudo, pela “gratidão” para com os locais: “Quero espicaçar os Açores com uma gastronomia diferente, para que os outros se preocupem em trabalhar em coisas diferentes.”
A gastronomia da região, defende, “não é surpreendente, mas tem produtos fabulosos, nomeadamente os queijos e produtos lácteos, vindos de um pasto tão rico como o das nove ilhas açorianas”. “Esta arte tem, no entanto, de mudar muito. Muito mesmo. Há um grande medo de arriscar, não só em São Miguel, mas, no conjunto das nove ilhas, há pouca formação direta nas pessoas. Uma das dificuldades aqui é comer um peixe no ponto.”