Cristina DEFENDE-SE da SIC
A apresentadora das manhãs estreou-se num concurso para as 7 da tarde. Correu mal. Estar em dois horários é má política. Pior: é num horário em que o espectador faz comparações com o que ela tinha na TVI
Cristina Ferreira é uma marca. Quando decidiu abandonar a TVI e foi ter com Daniel Oliveira, tinha atingido o seu limite na empresa. O desenvolvimento dos seus negócios colidia cada vez mais com a estratégia comercial da estação. Além disso, só com uma autonomização como apresentadora poderia reforçar o valor da sua imagem, e capitalizar o seu valor no mercado. Junte-se a isto a natural autoavaliação feita por uma profissional jovem que contracena com alguém muito mais experiente, acima dos 60 anos, e seria fácil antever de que lado estava o futuro. O casamento da SIC com Cristina Ferreira foi, até há pouco tempo, muito mais proveitoso para a apresentadora do que para o seu empregador. O volte-face nesta relação de forças deu-se com o empréstimo
obrigacionista. Cientes da galinha de ovos de ouro que tinham descoberto, e talvez a caminhar para um excesso de confiança provocado pela reviravolta nas audiências, os patrões da SIC quiseram inverter a balança a seu favor. A promoção do empréstimo obrigacionista, feita por Cristina, alterou a relação de forças. A SIC passou a ganhar muito mais com este casamento do que a própria apresentadora. Mas este movimento resulta de um erro de cálculo. As marcas são feitas pelas pessoas. A SIC só o é enquanto os seus profissionais lhe derem parte da personalidade que têm. O excesso de arrogância que pode advir de uma vitória que agora parece fácil não deve fazer esquecer que a reviravolta foi muito facilitada pelo estado comatoso em que estava a TVI. No fundo, o maior mérito da nova liderança da SIC foi ter percebido a fraqueza do adversário, e escolhido o momento para atacar. A estreia do novo concurso de Cristina Ferreira, às 7 da tarde, representa mais um passo neste desequilíbrio da relação, a favor do canal. Há cada vez mais SIC, e cada vez menos Cristina, neste novo programa. Consequentemente, está muito mais perto de ser um fracasso do que de repetir o sucesso das manhãs. Parar com o desgaste é urgente. Antes que seja tarde demais. Dir-se-á que passou pouco tempo. Mas a História, muitas vezes, acelera de forma descontrolada. O concurso das 7 da tarde deve acabar rapidamente.