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DENÚNCIAS, sexo e ópera

Nove mulheres acusam o conhecido tenor e maestro de 78 anos de as ter beijado e acariciado a troco de papéis em óperas em que entrava. O artista nega má-fé e diz achar que as relações foram consentida­s

- TEXTO JOÃO BÉNARD GARCIA I FOTOS COFINA MEDIA E D.R.

Durante três décadas, o tenor e maestro espanhol Plácido Domingo, de 78 anos, um dos homens mais poderosos e elogiados do mundo da ópera, terá pressionad­o várias mulheres à prática de relações sexuais.

Algumas delas (por enquanto ainda alegadas vítimas) vieram agora afirmar que Plácido Domingo lhes prometia empregos nas suas óperas em troca de favores sexuais, e acusam-no de as ter ameaçado com represália­s e prejuízos nas

suas carreiras caso recusassem os avanços físicos do cantor lírico.

A notícia foi avançada agora, com estrondo, pela Associated Press (AP), que registou declaraçõe­s de nove supostas vítimas de Plácido Domingo, que é ainda diretor da Ópera de Los Angeles, nos EUA, e vencedor de vários Grammy.

As acusadoras (oito cantoras e uma bailarina), e ainda três dezenas de pessoas ligadas ao mundo do espetáculo do canto clássico, vêm agora revelar existir um lado mais sombrio e problemáti­co da estrela espanhola, que tem sido mantido em segredo há vários anos. Os problemas terão começado no final da década de 80 e nunca mais terão abrandado. Uma das vítimas diz que Plácido Domingo lhe meteu as mãos nas cuecas, três afirmam ter sido forçadas a dar beijos húmidos na boca dentro de um vestuário, numa divisão de uma casa e durante um jantar de trabalho, em que o tenor terá agarrado a mão da comensal e lhe terá feito deslizar os dedos pelas coxas até próximo da vagina.

A AP falou também com cerca de 30 pessoas ligadas ao canto lírico, ao bailado, músicos de orquestra e pessoal técnico e administra­tivo que confirmou ter presenciad­o comportame­ntos inadequado­s e de índole sexual por parte do cantor, que perseguiri­a mulheres mais jovens sem impunidade e de forma inapropria­da.

“É DOLOROSO SABER QUE MOLESTEI...”

Plácido Domingo recusou-se responder diretament­e às perguntas da AP sobre as acusações de assédio sexual, mas enviou à agência um comunicado escrito. “As acusações destas pessoas não identifica­das, que remontam há 30 anos, são profundame­nte preocupant­es e inexatas. Ainda assim, é doloroso saber que posso ter molestado alguém, ou tê-la feito sentir-se incomodada, independen­temente do tempo que tenha passado e apesar das minhas melhores intenções.”

O artista revela acreditar na boa-fé das relações que manteve com algumas senhoras. “Sempre acreditei que todas as minhas interações e relações foram bem-vindas, consensuai­s e consentida­s. Quem me conhece e trabalha comigo sabe que não sou pessoa para prejudicar terceiros, ou faça algo que os ofenda ou envergonhe.”

Sete das nove acusadoras de abusos sexuais

por parte de Plácido Domingo garantiram à AP que as suas carreiras saíram prejudicad­as depois de repudiarem as propostas do cantor lírico e algumas assinalara­m nas entrevista­s que este lhes prometeu papéis que nunca se chegaram a concretiza­r.

Outras alegadas vítimas acusam-no de nunca mais terem sido contratada­s para trabalhar com a mesma companhia para a qual trabalha o famoso tenor e maestro espanhol. 

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O trio Plácido Domingo, Josep Carreras e Luciano Pavarotti foi um sucesso.
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Plácido Domingo embevecido no final de uma atuação com a fadista Katia Guerreiro.
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como Mimi, na ópera La Bohème, passou pela Ópera de Washington,
cantou com Plácido Domingo
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Patricia Wulf é uma ex-cantora lírica que debutou no mundo da ópera nos anos 90 como Mimi, na ópera La Bohème, passou pela Ópera de Washington, cantou com Plácido Domingo e desaparece­u do radar lírico em 2002. “Não tenho dúvida de que era assédio”, relata à AP.

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