O VERÃO EM QUE PORTUGAL NOS COLA À TV
Filomena Cautela e Vasco Palmeirim estrearam no passado domingo, na RTP, o formato I Love Portugal. Podia ser apenas mais um concurso - que também é um passatempo para a família - igual a muitos que a SIC já fez com João Manzarra ou César Mourão, cheio de convidados famosos a dizer disparates e a fazer “macacada”. Mas não. I love Portugal teve o condão de prender o espectador ao sofá (comigo, pelo menos, conseguiu-o). E não fui a única, pelo menos a levar em conta as audiências dessa noite que deixaram a RTP muito bem no “boneco”. Como foi , então, possível esse feito? E logo num formato que parece “mais do mesmo”? Simples: as perguntas e brincadeiras têm verdadeiramente graça e, sobretudo, os apresentadores são inteligentes. E com uma noção incrível do que é fazer televisão para espectadores do séc. XXI. Com este passatempo o serviço público RTP consegue vários feitos de uma assentada: entreter de forma “séria” - mas, aparentemente, sem se levar a sério - , promover o nome de Portugal, e ainda provar que tem uma carteira de apresentadores vasta, de qualidade, e que se adequa a diferentes modelos consoante o que é pedido. Para Cautela e Palmeirim os maiores aplausos. Os dois - naquele seu estilo de rádio - casam na perfeição. E convencem a ir ficando, e ficando, e ficando... e de repente o programa já acabou e queremos mais. Isto é entretenimento do bom.
E por falar em qualidade e estilo único, vénia para César Mourão e o seu Terra Nossa, na SIC. Está perfeito. Porquê? Porque é natural. Porque as frases, as brincadeiras lhe “saem” de forma espontânea, porque sabe misturar-se com o povo, o cidadão comum, sem preconceitos, aproveitando o melhor de cada um, sempre com um sorriso no rosto. Os resultados estão à vista: Mourão é adorado por onde passa e por quem segue, religiosamente, os seus programas. Terra Nossa é o Portugal real levado ao ecrã, sem brejeirice nem piadola fácil. E por isso é bom. E se a SIC (como a RTP, ao seu estilo) souber continuar a fazer estas apostas sem cair para o pimba, a aposta está ganha. Esta é a televisão de um Portugal muito melhor.