TV Guia

O “PREGUIÇOSO” RAP

- CHEFE DE REDAÇÃO POR PAULO ABREU

“Apelidado como o ‘Rei do Humor’, prova que velhos são os trapos. É uma delícia ver Herman José em

Cá por Casa, às quartas-feiras na RTP1, com um formato de grande qualidade, e só as audiências mancham o seu trabalho. Apesar da concorrênc­ia das novelas da

SIC e da TVI à mesma hora, 250 mil espectador­es é pouco.” As palavras são minhas e foram publicadas há uma semana, na revista Sexta, do Correio da Manhã. Vem isto a propósito dos comentário­s de Miguel Sousa Tavares sobre Ricardo Araújo Pereira no Jornal das 8 de segunda-feira, chamando-o de “preguiçoso”

e elogiando… Herman José.

“O Ricardo Araújo Pereira tem um tipo de humor que não tem nada que ver com o Herman José, que criava personagen­s, pegava em tipos de portuguese­s e criava, inventava… O Ricardo é muito pouco criativo, muito pouco imaginativ­o e muito preguiçoso”, disse Miguel Sousa Tavares, acrescenta­ndo: “Ele vive daquilo que eu chamaria a babugem do jornalismo. Pega nas notícias que já foram dadas pelos jornalista­s e tenta trabalhá-las. Uma das coisas que ele faz há vários anos é entrevista­r políticos, reentrevis­tar.”

Obviamente, Herman e RAP são bem distintos. Um, o primeiro, anda nisto há 45 anos e tem somado sucessos atrás de sucessos, com um trabalho de excelência, junto do povo e até de alguma elite. Soube, sabe, reinventar-se. É um génio. O outro, o segundo, tem muito menos quilómetro­s de estrada, mas já marcou uma época, fruto de alguns sketchs de elevada inteligênc­ia, na SIC Radical, na SIC, na RTP1 ou na TVI. Se é preguiçoso, como diz Sousa Tavares, talvez. Em Isto É Gozar com Quem Trabalha, estreado há duas semanas na estação de Paço de Arcos, com audiências superiores a 1 milhão e meio de espectador­es, as entrevista­s, por exemplo, são velhas. Tanto que olhamos para um passado recente e parece que já vimos aquilo em algum lado. As conversas com Marcelo Rebelo de Sousa e com a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, são prova disso. Mas, pronto, como diz um amigo meu, “as coisas são como são”. Para já, aproveitan­do a guerra entre SIC e TVI, Ricardo conseguiu sacar um ordenado de 15 mil euros por mês em Paço de Arcos e está a justificá-lo. Para já, claro.

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