E 20 ANOS DEPOIS... A HISTÓRIA REPETE-SE

Repete-se de forma diferente e de uma forma muito menos intensa, é certo. Mas repete-se. De um momento para o outro – mais exatamente há duas semanas –, o Big Brother volta a ser assunto público. E porquê?

Por causa da atitude violenta de um concorrente que acaba expulso. O ponto de viragem é este: a expulsão de Pedro Soá por ser agressivo com a concorrente Teresa. Mas “a cama” para o que aí vinha começou a ser preparada bem antes. Em primeiro lugar, duas semanas antes, com a discussão sobre homofobia por parte do concorrente Hélder. Este disse meia dúzia de coisas que foram transformadas em tema. Daqui Hélder continuou como “personagem”, graças aos seus “avanços” com – mais uma vez – Teresa. Ou seja: à discussão sobre homofobia juntava-se a de ser ou não sexista, com o reality show

a assumir uma componente quase didática, devidamente explorada nos diretos, nas redes sociais, onde era possível. E assim as galas começaram a ganhar. Uma semana, duas semanas seguidas. Na semana da homofobia e na da expulsão. E assim a TVI começou a respirar de alívio e a pensar que há métodos que, quando são bem trabalhados em antena – e hoje em dia nas redes sociais –, continuam a ter efeito prático: criar um tema e pôr as pessoas a discuti-lo. Mérito total de Nuno Santos, que “não largou o osso” até conseguir o que queria. E está a conseguir. Mérito de Cláudio Ramos, que fechou os ouvidos às críticas, foi ele próprio e correu atrás do seu objetivo e da linguagem de um reality show

que é a do grande público.

É claro que um Pedro Soá, em 2020, não tem o peso público de um Marco em 2000. Não abre o Jornal Nacional.

Mas faz horas de programa antes e depois deste. E faz “cama”, também, para a novela. E assim o prime time

começa cedo a ser alavancado com um programa cheio de aventuras e de coisas a acontecerem em direto – e não já gravadas, como na concorrência –, o que dá um ar quase de “notícias” da vida real. E um prime time que só termina de madrugada, com os Extra a darem um baile de audiências ao imbatível Passadeira Vermelha. Eu diria que... começou a virar. Agora, ou a SIC puxa pela cabeça ou cai no erro da TVI quando perdeu a liderança por... soberba.