TV Guia

SIC, MORTE E ESPERANÇA

- POR PAULO ABREU CHEFE DE REDAÇÃO

1. “A SIC continua em maio a ser o canal mais visto, com 20,7% de share”, anuncia, orgulhosa, a estação de Balsemão. “A TVI é o canal que mais cresce e atinge, em maio, a melhor marca do ano”, comunica o rival de Queluz de Baixo, que alcançou 14,5%. Tudo verdade. A RTP, que está assumidame­nte na corrida pelas audiências, ficou-se pelo silêncio. Os seus resultados – caíram para os 11,1% – assim o ditam. Custa entender uma coisa neste campeonato a três: como é que a SIC, com uma vantagem de mais de 6 pontos sobre a TVI, assume uma estratégia de habilidade­s? Depois dos especiais por tudo e por nada nas últimas semanas, temos agora, aos domingos à noite, um reality show dividido em 6 partes: o Quem Quer Namorar com o Agricultor? – 3, o Agricultor – Momento da Verdade,

o Agricultor – Emoções Fortes,

o Agricultor – Guerra e Paz, o Agricultor – O Confronto e, por fim, o Agricultor – A Expulsão. Caro leitor, sabe para que servem estas chico-espertices? Para, no dia seguinte, a estação de Paço de Arcos dizer que, na tabela dos 10 programas mais vistos, 7 são seus. Enfim.

Não obstante isto, e a perder há duas semanas para o Big Brother, da TVI, estação com graves debilidade­s – até quando resistirá Sérgio Figueiredo aos péssimos resultados na Informação e a uma permanente instabilid­ade na redação? –, o Agricultor volta a enlamear o nome da SIC. “O programa é só mentiras e chatices. E a SIC pensa que conseguiu enganar as pessoas”, acusa uma amiga da candidata Susana (ver págs. 20/21). Enfim.

2. Mas o que é isto comparado com o que nos chega a toda a hora dos EUA? País onde um agente policial, com o consentime­nto de outros três, matou um homem negro? George Floyd, de 46 anos, sucumbiu por asfixia, em Minneapoli­s, com um joelho em cima do seu pescoço, ao fim de 8 minutos e 46 segundos. As suas repetidas palavras – “por favor, não consigo respirar” – deviam fazer-nos refletir sobre que mundo nós queremos para os nossos filhos. Depois de Judite Sousa, Manuel Luís Goucha, Fátima Lopes ou Catarina Furtado, a nossa Varanda da Esperança não podia estar mais bem entregue nesta semana: muito obrigado, Conceição Queiroz!

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