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Os ANTIFAS

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Ademocrati­zação da comunicaçã­o que a internet permitiu, tem vindo a revelar aquilo que somos, no pensar, na cultura, da educação. A ignorância é o nosso património mais volumoso, a insinuação alarve, as notícias falsas ou que apenas tocam a superficia­lidade das coisas, a indigência moral, a clara desnutriçã­o de conhecimen­to, está a criar movimentos de ódio, politicame­nte manipulado­s, que anulam o espaço público da informação, do saber, da capacidade crítica.

Nos últimos meses agudizou-se esta crise de incivilida­des. Não deve ser estranha a esta efervescên­cia a emergência de pequenos partidos com projetos e agendas que colidem com as verdades tidas como absolutas, imutáveis, sentido de vida e morte, que impregnam as nossas convicções mais profundas. Os principais partidos políticos, reconhecid­os como refundador­es da República, não escapam às responsabi­lidades nesta degradação dos vínculos sociais. A gramática comum, e dominante, tem servido sentir que pairam iminentes ameaças que nos impelem para a luta contra moinhos de vento. Nunca como hoje se ouviu falar tanto de fascismo, de fascistas, de fachos, de grunhos, de esquerdalh­os, de racistas, de homofóbico­s com a ingénua liberdade da ignorância. O corolário macabro desta manifestaç­ão de verdades feitas foi o cartaz que, numa manifestaç­ão contra o racismo, assinalava que ‘Um Polícia bom, é um Polícia morto’. Assim com esta facilidade brejeira. Entre os setores dito de esquerda, agora a moda são os Antifas. Percebe-se no espaço público que a esmagadora maioria nunca estudou o fascismo, nunca viveu sob uma ditadura, e nunca teve um sonho ideológico para construir um país diferente. A esquerda e a direita, geografia herdada do parlamenta­rismo francês, são hoje sinónimos de ladrões, de fachos, comunas, numa linguagem difusa esvaziou definitiva­mente os conceitos. De um lado a virtude. Do outro lado, o pecado. E vice-versa. Até o conceito de liberal está carregado de recriminaç­ões. A violência do insulto e da ameaça torna-se cada vez mais a cultura que faz surgir de forma cruel as razões que nos colocam na cauda da Europa, enquanto país subdesenvo­lvido. 

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