CATARINA: A GRANDE!
“Tenho conhecido pessoas com dinheiro e sucesso e um gigante vazio interior, uma insatisfação baseada na ambição e na necessidade de regar um umbigo, já muito entupido… É uma opção: querer ou não saber. Os racismos, as violências, as discriminações, as indiferenças, têm por base a ignorância, uma arrogância moral com sustento no medo. Fiz reportagens no Bangladeche, no Líbano, na Grécia, no Uganda e na Colômbia. Ouvi histórias de coragem, sofrimento e esperança. Refugiados obrigados a fugir à morte!”
As palavras são de Catarina Furtado, foram escritas na TV Guia há duas semanas, e vêm a propósito de mais uma nova temporada do seu programa Príncipes do Nada, na
RTP1, ela que é embaixadora da ONU há 20 anos. “Chorei e ri ao seu lado e prometi fazer chegar a vós os seus apelos! Não estamos a falar de terroristas! Vi pais num pranto, impotentes; ratazanas a morderem as crianças nas tendas indignas onde dormem; lamentos de profunda desilusão pela constatação de que afinal a Europa humanista é uma utopia. Mas também vi solidariedade entre eles e esperança.”
Conheço Catarina há 17 anos, quando trocou a SIC pela RTP para liderar a Operação Triunfo. Em 2009, por exemplo, estivemos juntos em Cabo Verde, em mais uma missão humanitária, transmitida depois pela estação pública. Em Santiago, a apresentadora mostrou as carências, da saúde ao ensino, daquele povo irmão. Com a sua influência e credibilidade, ajudou a angariar milhares de euros para a construção de maternidades na ilha. Salvou vidas. Vejo-a novamente no terreno, a lutar por uma sociedade mais justa e solidária, e é ali que gosto de a ver. Também gosto de a ver no The Voice, sensual, com um vestido justo a realçar as suas curvas e um decote provocador, com os lábios pintados de vermelho, mas insisto: é ali, no terreno, que faz a diferença. Olhos nos olhos com as pessoas, a tocar-nos no coração.
Outros famosos da TV preferem o individualismo, a ostentação, a vaidade, o egocentrismo. Estão no seu direito. Mas por isso é que Catarina só há uma: gira que dói – lembras-te, Ivo? – e com uma notável vontade de mudar o mundo.