JÁ É UM SUCESSO Jornalistas em APUROS
Peça em exibição no Teatro Nacional D. Maria II foca-se na redação de um jornal que tem os dias contados. Um texto para rir, mas que também lança questões sérias para refletir sobre a profissão
AMIGUEL AZEVEDO
té ao dia 15 de novembro, Miguel Guilherme e Maria Rueff vão ser dois jornalistas à beira de um ataque de nervos, ou não fossem eles os responsáveis por liderarem uma redação em vias de fechar portas. Este é contexto de Última Hora, em cena no Teatro Nacional D. Maria II. A peça pretende ser uma comédia, mas não deixa de abordar um tema que está na ordem do dia: a crise da imprensa escrita, do jornalismo e dos seus valores. “Em situações aflitivas gosto de usar a comédia”, começa por explicar o autor Rui Cardoso Martins, ele próprio um jornalista com larga experiência na profissão: “Esta peça foca-se na redação de um jornal que está perto de fechar com todas as angústias inerentes, mas também com todas as situações caricatas, melancólicas, comoventes e hipercómicas resultantes da crise.”
LILIANA PEREIRA
Montada a partir do livro homónimo, editado pela Tinta-da-China, Última Hora tem encenação de Gonçalo Amorim, música de The Legendary Tigerman (Paulo Furtado) e conta ainda com Catarina Couto Sousa, Cláudio Castro, Ema Marli, Inês Cóias, João Grosso, José Neves, Lúcia Maria, Manuel Coelho e Pedro Moldão, entre outros. “É curioso neste elenco que até os atores que fazem de estagiários de jornalistas são também estagiários no teatro, sendo que também eles vivem numa situação de incerteza nas suas profissões”, diz Rui Cardoso Martins. À cabeça estão Maria Rueff, ela que aos 19 anos chegou a ser “menina dos telexes do jornal Público”, como refere o autor, e Miguel Guilherme, que, durante um mês, assistiu ao funcionamento da redação daquele jornal. A peça, em parceria artística com o Teatro Experimental do Porto, está em exibição de quarta a domingo.