TV Guia

NÃO SÃO ELES QUE SÃO “ABORRECIDO­S”...

- POR LUÍSA JEREMIAS DIRETORA DA TV GUIA

No passado fim de semana, Ana Garcia Martins, mais conhecida por Pipoca Mais Doce, numa das suas tiradas “a dar tudo” e a aproveitar as raras vezes que tem para falar nas galas do reality show Big Brother, lançou esta pérola: “Há muito tempo que não via um painel de concorrent­es tão aborrecido e tão entediante como este.” Eu acrescento e faço uma pequena alteração: não é o painel que é aborrecido; o programa é que se tornou um tédio. Como? Se olharmos para as redes sociais dos concorrent­es, a forma como se têm comportado individual­mente ou em pequenos grupos, se os virmos no dia a dia na casa (no canal que passa o programa 24 horas), percebemos que eles não são maus. Correspond­em, sim, àquele perfil de concorrent­e típico das edições anteriores do programa e dos formatos semelhante­s. São miúdos (e alguns não tão jovens assim) que mostram pouco do que são, que preferem falar de jogo e uns dos outros a discutir temas atuais – como aconteceu, excecional­mente, na edição anterior. Não são aborrecido­s. São o que são. E têm graça em muitas coisas. Então qual é o problema? A mistura. E a forma como são abordados.

Vamos a exemplos. Fazer um casting para um programa destes que junta 24 horas por dia mais de uma dezena de pessoas no mesmo espaço é como organizar um jantar à mesa com um grupo cujos participan­tes não se conhecem. Há que saber escolher para perceber, antecipada­mente, como irão interagir. Se nada os ligar, a hipótese de o jantar ser um fracasso é enorme. Se o anfitrião não os deixar mostrar o seu melhor e, em vez disso, eles se sentirem constrangi­dos perante este, pior. Agora imagine-se isto em TV. A edição anterior tinha vantagens: começou num momento de “vai ficar tudo bem”, em cenário de esperança, o apresentad­or era olhado como um igual – Diogo até o tratava por “tu” – e os concorrent­es sentiam-se livres (até paisagem tinham na casa). Agora, tudo mudou. Ou melhor: regrediu. E enquanto não se perceber o que o público quer em 2020, e que as fórmulas têm de se adaptar, qualquer vento derruba o castelo.

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