O FATOR Júlia Palha
ASerra é um produto de grande fôlego da ficção da SIC, e traz para o centro do palco televisivo Júlia Palha, uma jovem atriz com enorme futuro no género e com a rara capacidade de colocar em cena um erotismo contido e inteligente que fará desta novela um caso sério na história da estação. Uma das maiores dificuldades no negócio televisivo é a necessidade de encontrar sempre novidade para atrair e manter o grande público interessado. Pois bem: também aqui esta ficção tem um trunfo de peso. Convocar a nevada serra da Estrela para a narrativa é um achado, e com tanto potencial que é perfeitamente entendível a irritação da SIC quando soube que a TVI se tinha antecipado e conseguido meter no ar a concretização de uma ideia semelhante, na novela concorrente do canal 4, o Bem Me Quer. Mas, neste caso, a comparação é desigual. Fruto de um elenco homogéneo e de uma história simples, com sentimentos fáceis de apreender e que agregam e fazem comunicar entre si todos os fatores atrás referidos, A Serra arrancou com uma primeira semana muito consistente, sempre acima do milhão e 300 mil espetadores, a liderar vários dias o ranking dos programas mais vistos, e promete constituir-se como pilar fundamental do horário nobre da SIC. Para quem acompanha a evolução do mercado televisivo continua a ser surpreendente a forma como a TVI não só se deixou ultrapassar na ficção, como continua sem conseguir reagir. E, na verdade, as várias mudanças dos últimos meses nada acrescentaram até agora.