Em prol do AMOR
Entregou-se aos ensinamentos pacifistas do Dalai Lama, sente-se poderosa da sua sexualidade e é uma mulher de família. Já sofreu algumas traições na vida, mas perdoou sempre quem a prejudicou
Oamor, as energia e a espiritualidade são as linhas guias de Maria João Abreu. Aos 57 anos é talvez das mulheres mais amadas pelos colegas, pelo público e pela família, que nunca largou e que dizia apenas uma coisa: que a atriz devia viver mais para ela. Trabalhava sem parar, mas para os filhos Ricardo (28 anos ) e Miguel (35) e as suas respetivas companheiras havia sempre tempo. “Não consigo deixar de ser mãe. Pior agora que sou avó”, dizia numa entrevista à TV Guia. “Sou uma mulher de família, apaixonada pelos que são meus”, continuava. E assim era, como de resto mostrou no programa de Bárbara Guimarães, 24 Horas de Vida. Disse que não estava pronta “para dizer adeus” e que para ela a “família é tudo”… isto apesar de a vida lhe ter dado recentemente um grande desgosto, quando o pai, João, faleceu vítima da Covid-19 em novembro de 2020. “Foi muito duro. É muito duro. Felizmente sinto que ele está sempre aqui comigo”, disse durante as gravações da novela A Serra à TV Guia. A família é o seu pilar. Está sempre disposta a ajudar qualquer um esquecendo-se muitas vezes de si, mesmo depois de descobrir ter fibromialgia (uma condição neurológica crónica que causa dor generalizada em todo o corpo). “Tem pouca atenção com ela mesma. Preocupa-se em demasia com os outros e não há melhor mãe”, disse o filho Miguel no programa de Bárbara Guimarães. De facto assim é. A atriz não só se preocupa como perdoa facilmente. Não há quem diga mal da atriz e ela, mesmo na dor, nunca apontou o dedo a ninguém. Só muito depois de se separar de José Raposo, revelou a Bárbara Guimarães o quanto lhe custou aquela fase em que se sentiu mais sozinha. “O meu filho andava comigo ao colo”, dizia referindo-se a Miguel. “Até de pai fazia para o mais novo. Estava sempre a fazer de tudo para me animar: festas, saídas com amigos. Chegou a trazer-me bêbeda para casa. Foi assim até chegar à minha vida o João [Soares, o atual marido]”. E isso aconteceu há 12 anos. A atriz revelou no mesmo programa que o conheceu “através de amigos comuns” enquanto este tocava no Algarve. Fizeram click imediato, mas a atriz não pensava em paixão. Contudo, quando este a amparou num choro ao pôr do sol, a estrela de Golpe de Sorte jamais o esqueceu. “Um mês depois ele apareceu à minha porta às cinco da manhã e percebi o quanto amava aquele homem”, assumiu. De resto, as declarações entre os dois foram permanentes, e o músico nunca faltou a qualquer estreia da mulher, por muito ousada que esta fosse, como aconteceu há três anos na peça Boudoir. “Não tenho de ter medo da minha sensualidade. E o João compreende perfeitamente”, disse então.
A TRANQUILIDADE BUDISTA
A descoberta da espiritualidade para a estrela da SIC não era nova. Mas cresceu nos últimos cinco anos. “Tenho lido muita coisa do Dalai Lama. Não sou budista, mas encontro ali uma paz. Dar amor é receber amor. E isso para mim é uma grande máxima”, explicou à TV Guia dizendo que a descoberta tinha sido “gradual” e que “meditar” se tornou uma forma “de encarar os problemas da vida”. “Estar no meio da natureza, ali, em silêncio connosco, faz-nos pensar, refletir, analisar a vida de outra perspetiva”, disse a Bárbara Guimarães, explicando que uma “ida
“Tem pouca atenção com ela mesma. Preocupa-se demasiado com os outros...”, Miguel Raposo
à praia” e um “mergulho no mar” lhe limpam a alma.
MULHER QUE PERDOA TODOS
A espiritualidade também tornou João uma mulher que perdoa facilmente. Não é de rancores. E prefere o silêncio a dizer mal mesmo de quem a prejudicou. De Felisbela Dias, a mãe de Sara Barradas, que há menos de um ano a enganou, nunca proferiu uma palavra. Levou-a a tribunal por burla, mas nunca veio para a comunicação social lavar roupa suja. Até Cristina Oliveira, amiga de longa data, acabou por ser perdoada. Em 2002, Maria João e José Raposo foram fiadores na compra de um imóvel da amiga, que não pagou as prestações ao banco. O então casal ficou com uma dívida “de mais de 100 mil euros”, disse numa única conversa que fez sobre o assunto. “Agora, por causa da Cristina, tenho o nome manchado no Banco de Portugal. Tive de recorrer a um empréstimo para pagar uma dívida que não era minha, mas já consegui fazê-lo”, revelou. Nas entrevistas seguintes a atriz não mais voltou a falar do assunto. Estava morto, enterrado, tal como a dívida. “Não sou de guardar rancores”, garantiu a Bárbara Guimarães.