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Tudo por AMOR A SARA

O relato emocionado de um pai que, afundado na sua própria dor pela perda da filha, anda à procura de respostas e tenta encontrar uma nova forma de viver. De olhos molhados, o cantor contou a Goucha, na TVI, que vai ao cemitério todos os dias, que a famíl

- TEXTO CAROLINA PINTO FERREIRA | FOTOS INSTAGRAM

Cinco meses depois da trágica morte de Sara Carreira, que sofreu um fatal acidente de viação, aos 21 anos, no dia 5 de dezembro, Tony Carreira, de 57, abriu o coração sobre estes últimos e dolorosos tempos da sua vida. Com a barba por fazer e com as lágrimas nos olhos, o cantor falou com Manuel Luís Goucha, na TVI, sobre como, aos poucos, no meio de um sofrimento sem fim, tem conseguido continuar de pé, em busca de alguma esperança. Quase meio ano depois da morte da filha, Tony continua à procura de um sentido para a sua vida. “Estou a tentar reencontra­r um sentido, mas é muito complicado responder a essa pergunta, porque tenho mas dois filhos. Eles percebem quando o meu discurso é tão negativo quanto este, percebem que é a dor que está a falar. Tenho de me agarrar a eles também”, disse, referindo-se a Mickael e David. De coração aberto, o cantor assumiu

que, após a morte da sua princesa, passou por uma fase de “violência extrema”. “Eu já não conto. Já deixei de pensar em mim. Quando a minha filha partiu, foi de uma violência extrema. Morri por dentro e ainda estou a tentar encontrar alguma vida cá dentro. Bebi mais do que devia. Parecia um zombie. Depois veio alguma violência, fui injusto com pessoas que amo, revoltei-me com o mundo inteiro.” Devoto, Tony Carreira revelou que, aos poucos, pode encontrar o seu novo caminho. “Neste momento, estou à procura, através da fé que me resta, de encontrar algumas respostas. Eu, que não acreditava na vida depois da morte, tento hoje agarrar-me a essa esperança.” Sempre se assumiu como um homem de fé. Agora, prefere não questionar a existência de Deus: “Se eu acreditava em Deus, por tudo o que vi acontecer em toda a minha vida de 57 anos, tive muitas dúvidas. Hoje não quero questionar, quero acreditar que existe, que ela está num sítio especial.” O artista desvendou ainda ao apresentad­or

da TVI que gostava que o seu caminho não fosse muito mais

longo. “Se chegar aos 100 anos, será um castigo. Gostava de ir para o outro lado já não muito idoso.” As única

certezas que tem são duas: “Nunca mais volto a ver a minha filha, nunca mais serei o mesmo.”

À ESPERA DE RESPOSTAS

A morte de Sara mudou a vida de Tony que, contudo, garantiu que foi um “superpai” com a “mulher da sua vida”. Hoje, agarra-se à associação que criou em nome da filha, para honrar o seu nome, e afirmou que todos os dias vai ao cemitério, onde está sepultada a jovem. “Por enquanto, é o único sítio onde sei que ela está. Falo com ela todos os dias. Faço-lhe muitas perguntas, mas ainda estou à espera das respostas.” A tentar recompor-se perante a vida, o cantor sabe que a dor não acaba. Um relato emocionant­e a Manuel Luís Goucha, na segunda-feira.

“Tento estar ocupado o dia todo, mas depois lá vem a noite. A noite é

terrível, mas pior ainda é o acordar. O acordar é acordar na minha casa, porque já pouco saio daqui, e acordar sem saber onde estou, que dia é. Um vazio total. Adormecer é adormecer a chorar agarrado a uma almofada. Acordar é um vazio total.”

A ETERNA LIGAÇÃO A FERNANDA

O cantor esclareceu que o seu coração “está ocupado”, mas que nada o impedirá de manter a ligação que tem a Fernanda Antunes, ex-mulher e mãe dos três filhos. Tony Carreira assegurou que ambos têm sido o grande apoio um do outro e que assim será,

para o resto da vida. “A ida da Sara uniu-nos neste sentido. Já éramos muito unidos, sempre fizemos questão, na separação. Ainda hoje somos uma família. Não há dia em que não almoçamos ou jantamos juntos.” E

acrescento­u: “É muito importante para nós estarmos juntos, os quatro. Se sinto que a Fernanda não está bem, tenho de a ajudar. Se eu não estiver bem, ela tem de me ajudar. Eternament­e amigos, até à morte.”

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Tony com Molly, a cadela de Sara, que o cantor diz ser “indiscipli­nada”, como a filha gostava.
O encontro com Goucha terminou entre lágrimas e com um abraço apertado. Tony com Molly, a cadela de Sara, que o cantor diz ser “indiscipli­nada”, como a filha gostava.
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O artista revelou que as viagens que fizeram juntos fazem parte das grandes boas memórias dos dois.
“Se disse muitas vezes que a amava, diria muitas mais”, atirou, saudoso.
O cantor garantiu que foi um “superpai” com Sara: “Anulava-me para ela.” O artista revelou que as viagens que fizeram juntos fazem parte das grandes boas memórias dos dois. “Se disse muitas vezes que a amava, diria muitas mais”, atirou, saudoso.

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