Os 3 pecados da festa
Todos os decisores na casa dos quarenta tinham obrigação de antever o mar de gente que se juntou no título do Sporting. Com efeito, há 19 anos uma autêntica mole humana invadiu o País – e, note-se, nessa altura tinham decorrido apenas dois anos desde a celebração anterior. O jejum de quase duas décadas prenunciava tudo o que se passou. Nada desculpa as descoordenações entre polícia, câmara e liga. Se as televisões colocaram meios no terreno numa proporção provavelmente inédita, de que surpresa estamos a falar? Porém, houve eventos inesperados: a instalação de um ecrã gigante perto do estádio criou uma aglomeração inusitada. Até aí, o que se via nos diretos eram adeptos espaçados na fila para comprarem camisolas. Esse foi o primeiro erro grave, e potenciou a criação de multidões. Segundo erro: colocar os adeptos atrás de grades. Isso confinou milhares de pessoas em pequenos passeios, gente que acabou irritada pela espera, e excessivamente agressiva. Em vez das grades deviam ter sido criados espaços nas várias praças alfacinhas por onde ia passar o autocarro, e controlado o número de entradas. Quem não tivesse lugar no Marquês ia para o Saldanha, ou para outra praça qualquer, sempre com lotação esgotada. Finalmente, a demora. Tanto tempo à espera do campeão só podia acabar mal. Apure-se o que se passou nestes momentos e encontrar-se-ão os responsáveis. Porque nada disto se pode repetir.