O insulto RACISTA
final do Campeonato da Europa, disputado em Wembley, entre a Inglaterra e a Itália, parecia ter todos os condimentos para que a equipa anfitriã pudesse celebrar um título que lhe escapa desde 1966, o ano em que Portugal mostrou Eusébio ao mundo. Jogava em casa, o entusiasmo dos adeptos era extraordinário. Quando digo extraordinário significa que às primeiras horas da manhã já havia centenas de bêbados e, muitos deles, envolvidos em pancadaria. É conhecida a euforia dos ‘hooligans’ e a maneira de a celebrar – cervejas e murros. Ainda há pouco os vimos em ação no Porto, a propósito da taça de campeões europeus. Verdadeiros cavalheiros com muitos miolos desperdiçados. A Itália iria ser cordeiro imolado na ara de Wembley. A coisa não correu bem. Depois de uma entrada de leão, com um golo nos primeiros minutos, que fez estremecer a ilha com gritos, aplausos e cânticos, a Inglaterra começou a perder-se perante a Itália que reagiu indiferente à festa que se fazia nas bancadas. Empatou o jogo. Foi necessário um prolongamento. O empate manteve-se e chegaram as grandes penalidades. E aqui, os italianos foram mais certeiros, levando o troféu em disputa para o seu País. A Inglaterra engoliu em seco. Ou melhor, fez o luto emborcando mais cerveja e voltando a raiva contra a sua equipa. Foram dois atletas negros que falharam as penalidades que lhes garantiria a vitória. Dois grandes jogadores, diga-se. De repente, a raiva as redes sociais deram vazão à insatisfação culpando os dois ‘pretos’ pela derrota inglesa. Os ‘pretos’ destruíram a Inglaterra. Os ‘pretos’ não deviam estar em jogo porque não amam a Inglaterra. E, assim, de uma assentada, quem só tenha lido as redes sociais, ficaria com a ideia de que a seleção britânica jogou contra os ‘pretos’. Se o futebol já é um desencanto com negociatas e moscambilhas, por esta forma, corre o risco de tornar num nojo.