Pandemia IGNORADA
Com ou sem Covid-19, o ator de 77 anos jura que pouco ou nada sai de casa e que não foi o vírus a prendê-lo. Fala do prazer de gravar a mini-novela da RTP1 e conta quantos papéis já fez na vida
Manuel Cavaco, de 77 anos (60 de carreira artística), conta como, há muito tempo, não se sentia tão vivo por estar a gravar uma novela, neste caso Pôr do Sol, que a RTP1 estreia segunda-feira, dia 16, depois do Telejornal: “Foi terapia. Depois de andarmos todos aflitos com a doença, com medo das infeções, a gravar até nos esquecíamos da Covid.”
O ator esqueceu-se do vírus nos cenários da novela e também na sua vida quotidiana, como refere: “Tenho de ser honesto: para mim, a Covid era uma coisa de que ouvia falar. Sou muito eremita, de casa. Tenho tudo lá. Vou ao supermercado na esquina e faço as minhas compras, nada mais.”
A morar numa casa com vista para o rio Tejo, Manuel Cavaco tem no seu lar tudo o que precisa. “Para me entreter, tenho tudo o que possa imaginar e não imaginar. De casa até vejo os barcos e os cacilheiros a passar”, revela, dias antes da estreia: “Não sofri, nem sofro com a problemática do confinamento. Não tive nada disso. Logo, o ir para o trabalho em Pôr do Sol foi um reencontro, foi uma diversão. Tinha todo o guião. O texto é muito bom. Ria-me em casa, que nem um perdido, a lê-lo. Imaginei cenas inacreditáveis e oxalá que aconteçam na novela, e as pessoas as sintam e se divirtam como eu.”
TEM 163 “FILHOS”
Garantindo não ser “nem ‘divo’ nem ‘estrelo’”, brincando com o género das palavras, o ator deixa escapar um segredo de 60 anos de carreira. “Sabem quantas personagens já fiz? Tenho tudo no caderninho: 163!” E quais foram as que mais adorou? “Não me esqueço do Bicas, em Olhos de Água, e do sargento Raimundo, em Filhos do Vento. São meus filhos e os filhos são para a gente agarrar.”