DINHEIRO EM VEZ DE AMOR
Os domingos à noite da televisão portuguesa são um marasmo – terríveis, mesmo. Dois reality shows
com o mesmo propósito, ajudar homens e mulheres a encontrarem o amor, na SIC e na TVI, e um concurso de música na RTP1, embora leve e divertido para o verão, que pouco ou nada acrescenta: I Love Portugal,
apresentado pela dupla Filomena Cautela e Vasco Palmeirim. Concentro-me apenas em O Amor Acontece, de Maria Cerqueira Gomes e Pedro Teixeira, aposta de Cristina Ferreira na estação de Queluz de Baixo, a propósito de os concorrentes ganharem 50 euros por dia, notícia avançada na última edição da TV Guia. No Instagram da nossa revista, vários seguidores deixaram a sua opinião. Interessante, digo eu. “E eu a pensar que eles tinham ido verdadeiramente à procura do amor…”, escreveu Vitória Pereira; “Até deviam ter vergonha… Na verdade, o amor é gratuito”, disse Odete Oliveira; “Então foram procurar o amor, ou o dinheiro?”, questionou Sandra Amaral. João Oliveira também deu o seu veredicto. “E eu a pensar que era por amor que eles iam para lá. Afinal, comem, bebem, dormem e ainda recebem.” E Pedro Pinto, entre outros tantos, concluiu assim:
“Vi logo porque querem ir para o programa: há dinheiro. É lógico que não há amor nenhum.”
Ora, bem, os concorrentes dos reality shows sempre receberam dinheiro, desde a primeira edição do Big Brother, em 2000. Isso é indiscutível. Não é novidade agora. E também é indiscutível que isto não passa tudo de entretenimento. Agora, o que importa ressalvar aqui é que não pode haver genuinidade neste tipo de programas, de facto, com concorrentes a procurarem apenas a fama, mesmo que seja por 15 minutos, e a quererem ganhar algum.
O objetivo principal em O Amor Acontece – parece-me – está assim morto à nascença. Tal como em Quem Quer Namorar com o Agricultor?,
na SIC. Mas esse ainda tem os animais para nos entreter. E, portanto, no último domingo, após ver mais uns minutos dos dois reality shows, decidi acabar de ver De Gaulle,
série francesa que retrata a história do general Charles de Gaulle, transmitida na RTP2, que deixei a gravar nas minhas férias. Que serviço público!