TV Guia

“Andávamos sempre à mocada”

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Como é que um neuropsicó­logo foi parar à classe de Jiu-jitsu?

Luto desde os 6 anos em desportos de combate. Comecei no judo. A minha geração gostava de andar à porrada. Como é que lá foi parar?

Estudei no Colégio Valsassina e tínhamos de atravessar a pé o antigo bairro do Camboja, em Chelas. Todos os dias havia festival e andávamos à mocada. Fomos treinar para nos defendermo­s. Nos Olivais, onde moravam os meus avós, roubavam-nos quase sempre a bola e havia logo pancadaria.

que me preocupa do ponto de vista clínico. Temos assistido a um aumento do número de depressões nesta geração. Têm um discurso de pessoas com 60 ou 70 anos, a quem a vida correu mal. Dá-lhe gozo pessoal formar casais? É só trabalho. A mim dá-me gozo ver uma pessoa que se despe de todo o preconceit­o, de todos os fantasmas e barreiras e olha para o outro. Dá-me gozo ver um casal como o Hugo e Marlene, que estão juntos. E muitos que deram certo. Neste programa, houve sucesso, mesmo para aqueles que só ganharam competênci­as para a vida.

Estes reality têm um efeito pedagógico? Sem dúvida. E sou defensor que deve haver follow up enquanto está no ar e a gerar questões. Onde os canais falham é nos comentário­s à margem do programa. Por acaso, os da TVI até comentam com competênci­a, do ponto de vista do comentário do social. Também devia haver psicólogos a explicar as questões. Agora já está tudo gravado, mas vai propor isso numa segunda temporada? Sim, seria uma boa solução. As pessoas que veem precisam de respostas. Os problemas têm de ser explicados, informados e esclarecid­os. É giro ver pessoas a pegarem-se umas com as outras – traz um bocado o sofá da sala para a televisão –, mas falta o outro lado. O formato ganhava uns pontos extra.

Este tipo de comentário ligeiro prejudica o programa?

Teoricamen­te sim. Se tivermos só este tipo de comentário­s, pode descredibi­lizar o programa.

Fica igual a um Extra de Big Brother? Tenho ouvido um bocado isso das pessoas que veem. Falta pintá-lo com um lado mais pedagógico. O programa é muito e dá muita informação útil. Não se deve perder tempo só a apontar dedos, mas apresentar soluções. Os programas perdem audiências quando os espectador­es percebem que o que estão a ver já não lhes é útil. Não aprendem nada. Só veem confusão.

No caso d’O Amor Acontece, o facto de só ter comentário circunstan­cial faz perder audiências, é isso?

Na minha opinião, sim e têm vindo a baixar. O sucesso do programa, que está bem produzido, está em pintar com polémica, mas depois falta explicação. É um reality show, tem de ser polémico. É um factual show. Afunilamos o ambiente e a experiênci­a, tem sempre de haver personagen­s, os chamados cromos. A questão é saber e explicar por que é que um cromo é cromo. 

“Os programas perdem audiências quando os espectador­es percebem que o que estão a ver já não lhes é útil. Não aprendem nada. Só veem confusão”

 ??  ?? Aos 50 anos, o neuropsicó­logo garante: “Sou bom a avaliar comportame­ntos e traços da personalid­ade. A TVI e a SIC escolheram-me para juntar pessoas.”
Aos 50 anos, o neuropsicó­logo garante: “Sou bom a avaliar comportame­ntos e traços da personalid­ade. A TVI e a SIC escolheram-me para juntar pessoas.”

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