EROTISMO com crítica
Após Eça de Queiroz ter escandalizado a igreja, há 146 anos, com uma história de pecado de um padre, o realizador põe a ideia em minissérie da RTP1, com Bárbara Branco e José Condessa
OCrime do Padre Amaro, a polémica obra que Eça de Queiroz publicou em 1875, que despertou a ira da Igreja Católica, que foi um sucesso de vendas e acolhido com entusiasmo pela crítica literária da época, está a ser transformada em minissérie de seis episódios para a RTP1, pela mão do realizador Leonel Vieira, contando com protagonistas como José Condessa, na pele de padre Eduardo Amaro, e Bárbara Branco, no papel de Amélia, a donzela “desonrada”. No intervalo das gravações, Leonel Vieira mostra-se entusiasmado sobre o projeto que abraçou em 2019 e ao qual está finalmente a dar vida. “Esta paixão erótica entre o Eduardo e a Amélia é uma tremenda crítica à época: à igreja Católica, à religião, aos dogmas e verdades absolutas”, diz, descrevendo a obra como “um caldo que é um conflito constante e que fará com que um telespectador não se consiga desligar da história”. Para o realizador, “isto tem tudo para o prender à história”. “É raro aparecerem histórias destas e, na época, era preciso ser um escritor muito arrojado para criticar a Igreja e o seu status”, relembra, comparando a audácia de Eça à “discussão sobre a temática da sexualidade que está na ordem do dia com o Papa Francisco”. Quem também está radiante com o guião é José Condessa que, à TV Guia, confessa ser “um apaixonado pelo universo queirosiano”. O ator de 24 anos garante que devorou, ainda adolescente, Os Maias,A Tragédia da Rua das Flores, O Primo Basílio e, claro, O Crime do Padre Amaro. “Reli a obra e ajudou-me a construir uma linha de personagem. Depois, falei com o Leonel, definimos se o Amaro seria um galã e um engatatão. Entendemos que essa não é a visão de Eça.”