TV Guia

“A gente se considera MEIO CASADO”

- TEXTO HUGO ALVES | FOTOS BRUNO COLAÇO

Após uma temporada no nosso país, o cantor, de 27 anos, teve de fazer algo duríssimo: regressar ao Brasil. Por cá deixa a namorada, a atriz da SIC, que conheceu em 2019 e que nunca mais largou, depois de um beijo louco, num concerto em Águeda. Em São Paulo, prepara-se para lançar um disco e um livro infantil, mas quer voltar depressa, porque está apaixonado. Até isso voltar a acontecer, porém, vai continuar a adormecer com chamadas de vídeo... para matar saudades da cara-metade

Começamos então pelo princípio. Quando é que conheceu Carolina Loureiro? Foi no início de 2019. Ainda não havia essa loucura do CD A Bolha, o meu álbum. Foi amor à primeira vista? Sim, automático. Na verdade, achava que ela tinha namorado. Conhecia-a quando me foi entrevista­r. Achei-a muito bonita, simpática, gente boa, espontânea... Depois, ela marcou-me numa foto no Instagram. A seguir, trocámos umas ideias, começámos a conversar, tudo pelas redes sociais... E foi aí que pensei que devia ter pedido o seu número de telefone. Porque a Carolina estava na mesma energia que eu. E depois?

Vim fazer um concerto em Águeda e foi quando a gente se juntou mesmo. No concerto? [Risos] Vou explicar: ela foi de tarde para lá, mas não tínhamos ainda conseguido tempo para estarmos só os dois. A Carolina estava com uma amiga, eu estava com os meus músicos... E parecia que não conseguíam­os estar só os dois para as coisas desenrolar­em [risos]. Depois teve o show. E aí, quando estava a tocar a última música, decidi: vou sair deste palco e tenho de ir direto nela, quero lá saber se está gente com ela ou não. Então, parecia uma coisa de filme: acabei o show, despedi-me daquela montão de gente, desci do palco, nem cumpriment­ei ninguém, fui a correr e... peguei um beijão nela. Dali para a frente, foi só coisa boa.

Mesmo com a pandemia?

Isso foi muito triste, porque eu estava para vir para Portugal, na altura em que rebentou a Covid. Tinha passagem comprada e tudo e subitament­e disseram-me que os aviões nem aterravam cá... Todos os planos de ficarmos juntos caíram. Ficámos seis meses sem podermos estar lado a lado.

Ainda gravaram um teledisco...

Tudo serviu para namorar! Fazíamos tudo juntos na mesma. Adormecíam­os juntos! Deixávamos o telemóvel ligado e adormecíam­os assim. Aliás, ainda hoje, quando estamos separados, fazemos isso. Mas foi muito importante esse momento, porque mostrou que a gente se gosta mesmo, e que somos fortes para caramba, para aguentar isso. Por isso, qualquer coisinha que aconteça, que podia atrapalhar-nos como casal, nós nem ligamos. Afinal, nós já estivemos separados por uma pandemia.

Foi duro?

Duríssimo! Querer ter a pessoa ali do nosso lado e não poder... chorar sozinho... e depois vinham aqueles pensamento­s de filme, trágicos, em que imaginava ela a apanhar uma doença, que ela tinha um acidente e que eu não podia estar com ela... Isso doía muito. Eu dizia muito que se lhe acontecess­e alguma coisa, e eu não pudesse estar ali, nunca me iria perdoar. Isto foi culpa de uma pessoa estar fechada em casa e ter pouco que fazer, óbvio!

Assim que acabou a pandemia... [Interrompe] Vim logo! Nossa! Foi a alegria! Eu vim para cá depois de seis meses separados. Foi bom mesmo! Depois, ela foi comigo para o Brasil de férias. A seguir, veio sozinha e eu, passado dois meses, vim para cá. Agora é a minha vez de partir. Mas, assim que der, venho uma semana, ou quinze dias.

E aí poderá ser para casar?

Na verdade, eu e a Carol, por sermos meio hippies, vamos deixando a coisa acontecer. Não pensamos nessas coisas... A gente vai vivendo. Porque as coisas, nas nossas vidas, foram acontecend­o naturalmen­te, nunca na ordem que a sociedade dita. Tudo acontece na hora certa. Até pode acontecer casar, um dia, num local lindo, meio paradisíac­o. Mas a verdade é que a gente já se considera meio casado. A minha casa tem um montão de coisas dela. A casa em Portugal... Já falo a nossa casa, já tenho o meu cantinho. E dividem tudo?

Tudo! As contas, a cozinha, a loiça na máquina... [risos]

OS CIÚMES POR SER ATRIZ

Após alguns meses juntos em Portugal, têm de se despedir novamente... Já estou triste. É uma tristeza ir embora, porque eu me sinto muito bem em Portugal. Aqui fico mais tranquilo. Ainda não cheguei ao Brasil [esta entrevista foi feita na véspera de Vitor Kley partir para São Paulo] e já estão a ligar, marcando trabalho, após trabalho. Uma correria, meu Deus!

Volta para o Brasil com algum receio? Afinal, o seu país não está a viver dias fácies, com uma forte instabilid­ade social e política...

O único medo que tenho é que as pessoas no Brasil não estejam a respeitar as coisas. Havia muita gente que tirava “onda” com essa situação. E eu acho que, passado mais de ano e meio, já não é uma coisa para brincarmos. A Covid não é uma gripezinha – como diz Jair Bolsonaro. Eu tenho pessoas próximas que morreram desse vírus.

Já foi vacinado?

A primeira dose já está [19 de agosto, após a entrevista]. Menos mal. Achava que podia ser mais demorado. Por isso, vou confiante

Carolina fica na SIC a trabalhar. Ela é atriz e, por vezes, tem de fazer cenas ousadas. Isso incomoda-o? Na verdade, no início, eu não entendia muito bem [risos]. Fazia um pouco confusão! Até perguntei a alguns atores, meus amigos, como é que conseguiam

“Foi muito importante [estarmos separados], porque mostrou que a gente se gosta mesmo, e que somos fortes para caramba”

fazer aquelas cenas, os beijos... E eles explicaram-me que era tudo uma questão de treino. Quando fiquei mais com a Carol e fomos conversand­o, acho que entendi. Hoje, faço questão de ver todos os trabalhos dela, como a Nazaré. Lembro-me de que, na altura, estava cá e fui conhecer o Zé [Mata]. E percebi. Foi um desafio, que tive de aprender. Não há ciúmes bobos. Agora, até já passei texto com ela de um filme... Ajudei. Ela também podia ter ciúmes das mil fãs que tem à sua volta...

Sim, claro. Noutros relacionam­entos que tive, já aconteceu. E é horrível ter de explicar que é o meu trabalho, dar atenção aos fãs, que não quer dizer nada. Os seus fãs gostam da Carolina? Adoram! Têm um amor muito grande por nós os dois. Querem saber o que ela faz, espreitam coisas no YouTube... É muito legal. O meu público é calmo...

O seu último álbum, A Bolha, já saiu há mais um ano...

É estranho, parece que as músicas já têm anos. O Amor é o Segredo e o Ainda Bem que Chegou correram bem mas, nossa, sem espetáculo­s, as músicas parecem que ficam sem vida. Morrem ali. Faltou não só os shows ao vivo, que fazem a galera partilhar muito, mas os programas de televisão com banda, que há muito no Brasil, à conta do vírus. O que deu para fazer foi lançar o single, gravar o videoclip e esperar.

Porque é que lhe chamou A Bolha? Afinal, ele foi escrito antes da pandemia. Exato, não tem nada que ver com a pandemia. Nós começámos a fazer o álbum em 2019, e A Bolha é baseada no quarto onde escrevi as músicas, porque era esse o nome que o meu irmão e a minha mãe lhe davam: o quartinho bolha, porque eu vivia lá, não comia, não fazia nada...

Só trabalhava. E ainda ficou mais lógico quando fomos gravar, pois fiz no estúdio com o produtor, também isolados de tudo. Por isso, A Bolha era o nome perfeito.

O EMPURRÃO DA MÃE

Esta sua vontade de cantar nasceu aos 10 anos, certo?

É engraçado porque os amigos dos meus pais quando perguntava­m o que é que eu fazia, ainda pequeninin­ho, eu dizia que tocava e fazia música. E eles não percebiam, queriam saber o que eu estudava. Tinha de explicar que estudava música, e nem todos compreendi­am. A minha mãe é artista plástica e sabe, por experiênci­a, que este lado da vida pode ser levado de forma bacana e que se pode viver disso. Daí ter-me sempre apoiado. Aliás, foi ela que me ensinou a tocar em pequeno, quando tinha 9 anos. E depois

foi ela que me incentivou a entrar numa escola de música. Tanto que, quando mudámos de estado no Brasil, ela, assim que chegava no sítio onde íamos viver, procurava logo uma escola com música. E mudámos muitas vezes de casa! Porquê?

Porque o meu pai era tenista. Mudávamo-nos sempre que ele era contratado por outro estado.

Começou cedo a tocar em bares. Não tinham medo que algo de grave acontecess­e? Afinal, o Brasil não é conhecido pela sua segurança...

Claro, porque era uma vida de noite. Quando eu era pequeno, tocava em bares e os meus pais tinham receio que me acontecess­e algo, mas viram rapidament­e que eu levava tudo na boa. Nunca me meti em droga, nem em brigas. Sempre fui muito tranquilo. Ou seja, mais ou menos o que diz a sua música: paz, amor, a vida é para ser levada...

É, a vida é assim. Na alegria e na tristeza. É isso que eu tento transmitir: coisas boas, porque sei que tem muita gente que não tem as mesmas oportunida­des que eu. De onde veio este ar meio hippie?

Pela minha ligação com o surf. Até transformo­u o meu DNA como artista. O surf ensinou-me a conviver com a natureza, a aproveitar as coisas simples…

A INSPIRAÇÃO TREMENDA

Já escreveu músicas para a Carolina... É verdade. Ela é uma boa inspiração [risos]! Como o Ainda Bem que Chegou, que é sobre a chegada dela na minha vida.

E ela já o ajudou a escrever?

Ela gosta de me ver criar as músicas. E, por vezes, dá umas dicas do caminho que eu devia levar. Ela é tremenda! Vê-se a escrever com ela?

Ainda não aconteceu, mas a Carol está a ficar tão boa de violão... E a forma de ela perceber a música... Já lhe disse para fazermos uma coisa juntos, mas ela ainda não se sente confortáve­l. Entretanto, o seu regresso ao Brasil é para promover um CD para crianças... Gravei A Turma do Menino Sol antes de vir para Portugal. Nunca imaginei que um projeto infantil fosse despertar tanta atenção das pessoas. E depois vamos lançar um livro…

E em 2022, há novo álbum?

No fim do ano, lanço uma música inédita. Vou testar as águas... Em 2022, talvez um EP. 

“Ainda não aconteceu [fazerem uma música juntos], mas a Carol está a ficar tão boa de violão... Já lhe disse para fazermos uma coisa juntos”

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Vitor Kley deu uma entrevista exclusiva à TV Guia, em Oeiras, antes de se despedir de Carolina Loureiro e regressar ao Brasil.
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O cantor brasileiro apaixonou-se pela atriz da SIC no momento em que a conheceu.
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 ??  ?? Vitor Kley assume-se como um homem que gosta de passar boas mensagens nas suas músicas e que isso se prende com o surf.
Vitor Kley assume-se como um homem que gosta de passar boas mensagens nas suas músicas e que isso se prende com o surf.

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