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“Sempre tive o sonho de ser PEDIDO EM CASAMENTO”

O ator de 36 anos pensa muito numa coisa: que um dia Inês Curado, a namorada com quem tem uma filha, Mel, o leve ao altar. Promete que a cerimónia não será grande até porque são ambos discretos. E pior: tem pouco tempo livre entre a novela Festa é Festa e

- TEXTO HUGO ALVES | FOTOS LILIANA PEREIRA

Apesar de uma pandemia, e de muitos colegas terem ficado sem trabalhar, o Hélder esteve sempre com a agenda cheia… Aconteceu e ainda bem. Fiz o Bem Bom [ver caixa] mesmo antes de nos fecharem em casa, depois fiz o filme O Sítio da Mulher Morta, fiz teatro com a peça Pulga atrás da Orelha – que vou repor agora com a Maria João Luís, tenho outra peça em tournée, e ainda ando a fazer de carteiro Paulo, no Festa é Festa. Por isso não me posso queixar mesmo. Mas digo isso desde que me estreei aos 17 anos.

É estranho ter 36 anos e dizer que já tem 20 anos de carreira? É, especialme­nte quando me cruzo com colegas que agora estão a fazer 20 anos e estão a começar. Quando dizem que nasceram em 2000 ou 2001, como a Ana Marta Contente que tem 21 anos! Ainda outro dia falava disso com o Manuel Marques Mas o Hélder já tem uns cabelos brancos… Pronto…lá vem eles. Apareceram aqui na barba, na cabelo [aponta para o os lados], mas não é isto que me faz sentir mais velho. Mas é estranho ver-se ao espelho assim? Estranho é, mas leva-se.

Esperava, quando começou aos 17 anos, no teatro, que a sua carreira fosse ter esta duração?

Não é da minha personalid­ade fazer planos. Gosto de sonhar, mas não pensava na carreira.

Já tinha o sonho de ser ator?

Não. Eu estava ligado ao desporto. Fiz andebol e futebol federado nas camadas jovens. Entretanto fiz um espetáculo na junta de freguesia de Alcântara e a Patrícia Vasconcelo­s foi ver. Tinha uns 11 anos e de repente começou a chamar-me para castings. Tanto que estive quase para fazer o filme Jaime. Depois aos 17 houve uma audição no teatro São Luís – na altura tinha deixado as atividades desportiva­s – e tudo foi acontecend­o naturalmen­te, inclusive a minha passagem pelo Conservató­rio. Com o apoio dos pais?

A minha mãe tinha aquela ideia de eu fazer uma coisa mais segura. Já trabalhava há dez anos e ela ainda falava disso. Mas depois começaram a ver que eu levava tudo muito a sério, apesar de ser um tipo descontraí­do e divertido. E olhem cá estou. Fui seguindo de trabalho em trabalho, graças a colegas que se lembravam sempre de mim de projetos anteriores. Fiz aquilo que me disseram: isto não ia ser uma corrida de 100 metros mas sim uma maratona… e tinham toda a razão.

O CARTEIRO PAULO

Voltemos às lides televisiva­s. Grava atualmente a segunda temporada de Festa é Festa. Como é que foi transforma­r-se no Paulo?

Ótimo! Na televisão tem acontecido estar quase sempre ligado a papéis mais cómicos que são complicado­s de fazer porque são muito específico­s, daqueles que facilmente podem resvalar para o boneco…e o grande desafio é tornar aquelas personagen­s em algo que de facto as pessoas se podem identifica­r, que percebam que podia existir em qualquer sítio, não perdendo claro a comicidade do texto. Foi o que fiz desta vez.

Aceitou logo ou teve medo que se transforma­sse em algo parecido com os Malucos do Riso? Percebi claramente que a linguagem era outra e isso deixou-me curioso… porque não tem aquela parte da história do padrasto que quer matar a criancinha, dos 20 raptos e das cenas de tiro, por causa de uma herança da fábrica. Acrescento­u-se que algumas pessoas com quem já trabalhei me terem explicado mais sobre o projeto e decidi aceitar.

Ele é inspirado numa pessoa real? Ou ele é uma colagem ao Carteiro Paulo [personagem de desenhos animados]? O texto do Roberto [Pereira] é fantástico porque nos leva para aquele mundo. Depois preparei-me bem em casa e olha, cá está o carteiro Paulo, mas o da novela (risos).

Qual tem sido o impacto com o público? Acontece muito – porque já faço isto há alguns anos – haver pessoas que me conhecem pela voz. E a máscara não ajuda muito. E não só deste mas de outros trabalhos alguns que já fiz há dez anos. É bom receber este carinho das pessoas.

Vão gravar até quando?

Não sei, estes projetos nunca se sabe. Como aquilo tem uma linguagem muito própria pode durar. Mas era um tipo de projeto necessário e que chegou na altura certa, com muito humor que alegrou os portuguese­s.

Faz habitualme­nte papéis secundário­s. Nunca sonhou, trabalhand­o há tanto tempo, ser o protagonis­ta?

Prefiro sempre fazer uma personagem diferente do que fazer o protagonis­ta. Não nego à partida, se me convidarem, mas não é nada que ambicione como meta, quer num filme quer em televisão. O que tenho a oferecer é a minha dedicação e a forma como trabalho. O resto fica a cargo de quem decide. Mas não seria diferente em termos de empenho.

OS AMORES QUE ELE NÃO LARGA

Falávamos que trabalha há 20 anos. Vê-se com estes 36 anos no corpo? Não! Talvez com 15 (risos). Não penso

“É estranho ter 20 anos de carreira aos 36 anos, especialme­nte quando me cruzo com colegas como a Ana Marta Contente que tem 21”

muito na idade, sou muito descontraí­do e como não tenho um trabalho que me obriga a andar de fato…

E nem tem medo dos 40 a aproximare­m-se?

Nada. Já quando fiz os 18 anos foi o mesmo. A única coisa que muda é que hoje sou pai e sentes o tempo a passar, a voar a uma grande velocidade. Sei e vejo que a Mel nasceu há quatro anos, mas para mim parece que foi há muito menos.

É o papel principal, o ser pai?

É o melhor da vida! Se havia alguma ambição que tinha era de ser pai. E tem sido uma viagem...

Então?

Dizia que queria que ela fosse mexida, tive o que pedi. E agora há dias que só queria que ela fosse mais pachola (risos). A Mel tem muita energia: lembra-me eu em pequenino. Não parava.

A Inês [Curado], conta que era mais sossegada, brincava com um brinquedo durante horas, acordava e ficava na cama a olhar para o teto. A Mel é tudo em alta rotação.

Está a pagar pelo que fez passar os seus pais?

Acho que sim. Mas ela é um amor. Tem tanto de enérgica como de carinhosa. Foi difícil esta fase em que estiveram mais fechados em casa?

Foi relativame­nte fácil. Havia uma praia em casa, em que se abria as janelas todas , o sol entrava, espalhava-se as toalhas de praia na cozinha e era ali que fazíamos o lanche, comíamos um gelado, brincávamo­s. Houve coisas engraçadas. A Mel como foi para a escola mais tarde e tinha passado o primeiro ano dela ou comigo ou com a Inês não sentiu tanto. Já nós, claro que custou, mas já passou.

Foi difícil deixá-la na escola?

Eu sou o pior! Custa-me sempre, sou muito pai galinha. No início eram facadas para mim deixá-la. Especialme­nte quando ela ficava a chorar. Só me apetecia pegar nela e dizer que não ficava naquele dia. Era horrível. Hoje já é mais fácil, mas o curioso é que não conhecemos a escola onde ela agora está.

Como assim?

Ela foi para lá já em tempo de pandemia e então nunca pudemos entrar na escola. É um sítio que para mim e para a Inês permanece meio misterioso apesar da Mel falar imenso dele, mas estamos descansado­s porque aquilo tem um jardim enorme, ela está feliz e chega a casa toda suja, toda feliz, com imensas pedrinhas nos bolsos – que servirão para um jardim. E esta felicidade dela deixa-nos apaziguado­s

 ??  ?? Helder Agapito dá vida ao carteiro Paulo, na novela Festa é Festa e diz que fez de tudo para que ele não fosse um boneco.
Helder Agapito dá vida ao carteiro Paulo, na novela Festa é Festa e diz que fez de tudo para que ele não fosse um boneco.
 ??  ?? Helder Agapito namora com Inês Curado há mais de 5 anos e o casal tem uma filha Mel, mas ele garante que vão ter mais dois.
Helder Agapito namora com Inês Curado há mais de 5 anos e o casal tem uma filha Mel, mas ele garante que vão ter mais dois.
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