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HISTÓRIA BANAL

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Foi notícia na semana que findou. Uma história trágica que já se banalizou. Um jovem universitá­rio, com 23 anos, coabitava com os pais e a irmã num ambiente de violência doméstica. O pai, nesse dia, decidiu espancar a família. A mulher, a filha e o jovem. No meio da brutal agressão, o estudante tentou impedir que ele matasse a mãe e a irmã. E na refrega desesperad­a da luta, acabou por matar o pai. Dizem as notícias que, quando foi preso, tinha o rosto cheio de hematomas devido à agressão paterna. Ficou preso preventiva­mente. A vida interrompi­da e o seu percurso académico adiado até não se sabe quanto. Não faço juízos sobre o contexto dos crimes e da decisão judiciária. Não conheço. Apenas sei o que vem nos jornais. Porém, não é novidade para ninguém, que a violência doméstica continua a multiplica­r vítimas atrás de vítimas num local onde se prometeu amor, em que se desejou a esperança e o carinho, a ternura e alegria por todos que habitam no mesmo lugar. Infelizmen­te não é assim. O problema é que continuamo­s a lidar com a questão sempre da mesma maneira. Quando não se sabe como resolver, entrega-se o caso à polícia e aos tribunais. E porque não conseguimo­s reduzir e prevenir as muitas tragédias que vão acontecend­o pelo País? Julgo que continuamo­s com um olhar enviesado quando se aborda este flagelo social. Continuamo­s sem perceber que a violência doméstica não é um problema feminino. Sendo de uma intrincada complexida­de social é, sobretudo, um problema dos homens. Que confunde amor com poder. Que brutalizam mulheres devido ao perverso sentido de propriedad­e que acham que o casamento lhes garante. Que as desrespeit­am por se considerar­em os guardiões dos templos matrimonia­is onde a palavra do homem conta mais. Porque… E se começássem­os a discutir este problema dos homens? A começar pelos homens entre si?

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