TV Guia

O CADA VEZ MAIS EVIDENTE “SEPARAR DAS ÁGUAS”

- POR LUÍSA JEREMIAS DIRECTORA DA TV GUIA

No momento em que TVI se aproxima “perigosame­nte” da SIC, ameaçando o reinado tranquilo de Daniel Oliveira – que teima em durar apesar das investidas do lado da concorrent­e Cristina Ferreira – eis que a estação de Balsemão apresenta uma gala dos Globos de Ouro que faz questão de mostrar como é diferente da sua mais direta rival.

Vamos voltar atrás dois anos. Os Globos de Ouro de 2019 ditaram o princípio do fim de Cristina Ferreira na estação para onde se havia mudado e onde era a estrela mais cintilante. Cristina vivia um momento de glória: era líder de audiências, era rainha na internet, vendia a própria estação onde estava e o aumento de capital desta, enfim, transforma­ra-se numa espécie de Midas, já que virava “ouro” tudo aquilo em que tocava. Eleita para apresentar a mais importante gala da SIC, a fada milagrosa da estação decidiu aproveitar o momento e ela própria brilhar. Fez um desfile de modelos de vestidos, quase ofuscou convidados e tanto, mas tanto fez que no final se viu isolada no seu pedestal, agarrada a Cláudio Ramos, fiel escudeiro nos bons e maus momentos, em versão “só os meus me compreende­m”. Começou aí a rutura. Por evidenteme­nte Cristina e Balsemão terem visões muito diferentes do que é televisão – em particular “aquela” televisão – e perceberem, cada um à sua maneira, que não pertenciam à mesma tribo. O que aconteceu a seguir é do conhecimen­to público.

Dois anos depois, em plena competição, a SIC fez questão de vestir o “vestir o fraque” e mostrar que “o dinheiro antigo tem uma patine diferente do novo riquismo” – salvaguard­ando a metáfora. Assim, elegeu uma figura da informação para ser a discreta apresentad­ora – de um só vestido (como quem diz, mais vale um bom do que vários maus), desfilou categorias onde é rainha – como o humor – ou onde faz questão de manter cuidado – como a criação de ficção. Mais: homenageou os “seus” e os “outros”, com a mesma emoção. Só meteu os pés pelas mãos na escolha da produtora que assinou a gala e não soube garantir que tudo correria na perfeição – nos 25 anos do evento. Salvaguard­ando o disparate, mostrou o que queria: que a SIC tem um ADN. E que as águas não se misturam.

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