TV Guia

O ADEUS com o Presidente

Escritor jura que não fará mais reportagem, nem entrevista­s na televisão. Vai entregar a Carteira Profission­al, mantém a coluna de comentário no semanário Expresso e vai dedicar-se à escrita de livros, uma paixão

- TEXTO JOÃO BÉNARD GARCIA | FOTO D.R.

Acarreira jornalísti­ca de Miguel Sousa Tavares, de 69 anos, acabou na segunda-feira, dia 4, com a entrevista ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, para a TVI. Numa extensa entrevista de vida à news magazine Visão, Miguel Sousa Tavares já tinha explicado as razões para fechar o ciclo profission­al ao fim de 45 anos dedicados ao jornalismo e ao comentário na televisão, em paralelo com a carreira de escritor. “Sinto alguma desilusão com o jornalismo atual. Desilusão por não se fazer coisas que antes se faziam” e “hoje esbarram na mesma resposta: ‘Não há meios’”, denuncia, acrescenta­ndo: “É uma tristeza, ninguém vai a lado nenhum.” Um pouco por essa razão, Miguel Sousa Tavares, que liderou projetos na RTP, na SIC e TVI e foi o mentor da revista mensal Grande Reportagem, que recorda ter levado às bancas com quatro jornalista­s e um fotógrafo, como recordou na mesma entrevista, dá por findo o seu contributo para o jornalismo ativo: “Foram 45 anos a fazer jornalismo, acho que já chega. Tenho de ir saindo de palco.”

O DILEMA DE VIVER DA E PARA A ESCRITA

Na mesma entrevista, Miguel Sousa Tavares anuncia que vai entregar a Carteira Profission­al, título que só adquiriu recentemen­te quando começou a colaborar com a TVI, mas promete continuar a dedicar-se à sua opinião no Expresso e aos livros, a sua outra paixão, tendo sido o autor português contemporâ­neo com um dos bestseller­s (Equador) mais vendidos em Portugal. “Não sei se a escrita será o meu modo de vida, mas vai ser segurament­e o meu modo de sobrevivên­cia”, avisa, deixando um desejo no ar: “É isso que me vai ajudar a não perder o juízo. Nunca vou deixar de escrever.”

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