ESPANCAMENTOS noturnos
E´sabido, através de vários estudos sobre diversas áreas do comportamento humano, que as noites de sexta-feira e de sábado, são as noites de maior risco para jovens que frequentam o espaço público em zonas de divertimento e prazer. É nesses dias que a esmagadora maioria dos adolescentes tem o primeiro contacto com o mundo das drogas, mesmo que não as consuma. São as duas noites da semana de maiores consumos entre a população com menos de quarenta e cinco anos. Consumos de álcool, de cigarros, de substâncias psicotrópicas. Não é de espantar que provoquem desvios de personalidade, aumento da agressividade, libertando pulsões de violência que, a maior parte das vezes, se traduzem em conflitos intergrupais, excessos de velocidade e outras práticas que podem ser de natureza criminal. Não admira que as notícias sobre a violência da noite, feita de agressões, espancamentos e, até, homicídios surjam sempre no rescaldo dos fins de semana. O que surpreendeu o País foi o brutal espancamento ocorrido numa discoteca no Algarve, onde um segurança, credenciado por uma empresa de segurança privada, de forma brutal e desproporcionada flagelou um indivíduo que pacificamente falava com ele. As imagens são arrepiantes. A fúria do inacreditável segurança, a forma como continuou o espancamento já com a vítima inanimada revela duas coisas essenciais. A primeira é a passividade de outros seguranças presentes, a intervenção suave da Polícia quando chegou ao local, em vez de imediatamente o prender em flagrante delito. A segunda preocupação liga-se com a própria empresa de segurança privada. Existem legalmente pressupostos, tutelados pela Administração Interna, que condicionam a entrada de funcionários com reconhecimento oficial por parte do Estado. Neste contexto, não se percebe como aquele agressor não foi imediatamente suspenso de funções com processo disciplinar aos restantes companheiros que assistiram impávidos à brutalidade. Não é uma farda que dissolve a agressividade de uma besta. Continuará a ser besta. Embora sem autoridade.