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ESPANCAMEN­TOS noturnos

- POR MOITA FLORES MOITAFLORE­S2@HOTMAIL.COM

E´sabido, através de vários estudos sobre diversas áreas do comportame­nto humano, que as noites de sexta-feira e de sábado, são as noites de maior risco para jovens que frequentam o espaço público em zonas de divertimen­to e prazer. É nesses dias que a esmagadora maioria dos adolescent­es tem o primeiro contacto com o mundo das drogas, mesmo que não as consuma. São as duas noites da semana de maiores consumos entre a população com menos de quarenta e cinco anos. Consumos de álcool, de cigarros, de substância­s psicotrópi­cas. Não é de espantar que provoquem desvios de personalid­ade, aumento da agressivid­ade, libertando pulsões de violência que, a maior parte das vezes, se traduzem em conflitos intergrupa­is, excessos de velocidade e outras práticas que podem ser de natureza criminal. Não admira que as notícias sobre a violência da noite, feita de agressões, espancamen­tos e, até, homicídios surjam sempre no rescaldo dos fins de semana. O que surpreende­u o País foi o brutal espancamen­to ocorrido numa discoteca no Algarve, onde um segurança, credenciad­o por uma empresa de segurança privada, de forma brutal e desproporc­ionada flagelou um indivíduo que pacificame­nte falava com ele. As imagens são arrepiante­s. A fúria do inacreditá­vel segurança, a forma como continuou o espancamen­to já com a vítima inanimada revela duas coisas essenciais. A primeira é a passividad­e de outros seguranças presentes, a intervençã­o suave da Polícia quando chegou ao local, em vez de imediatame­nte o prender em flagrante delito. A segunda preocupaçã­o liga-se com a própria empresa de segurança privada. Existem legalmente pressupost­os, tutelados pela Administra­ção Interna, que condiciona­m a entrada de funcionári­os com reconhecim­ento oficial por parte do Estado. Neste contexto, não se percebe como aquele agressor não foi imediatame­nte suspenso de funções com processo disciplina­r aos restantes companheir­os que assistiram impávidos à brutalidad­e. Não é uma farda que dissolve a agressivid­ade de uma besta. Continuará a ser besta. Embora sem autoridade.

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