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Precisamos DE MAIS PANDEMIA

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Apandemia da Covid-19 chegou a Portugal há mais ou menos dois anos. Tivemos 24 meses para aprender que não se diz “O Covid”, mas, sim, “A Covid”, mas, por alguma razão, que ainda está por explicar, os portuguese­s promoveram “A Covid” ao género masculino. Depois admiram-se que as mulheres se queixem de discrimina­ção. E a Covid não sofreu apenas a mudança de género, também foi afetada ao nível do plural. Da mesma maneira que promovemos os políticos àquele grupo dos “Eles”. Eles, como toda a gente sabe, são todos e aqueles indivíduos a quem atribuímos a culpa do estado do País. “Eles é que lixam isto tudo!” Quem são eles? Ninguém sabe. Com a mesma capacidade inata que temos na criação de neologismo­s, elevámos a Covid a uma espécie de múltiplas camadas a que denominámo­s de: “Os covides”. “Os covides”, para resumir, não só a doença como as causas e efeitos da mesma - Isto agora liga-se a televisão e só dá covides! Desta forma, o português consegue fazer uma crítica ao massivo destaque dado pelas televisões à pandemia, como ainda resumir tantas variantes da doença quantas a palavra “Covides” conseguir abraçar. Mas ainda assim há algo que me preocupa mais do que isto. É que, em 24 meses, e mesmo depois de anunciada a não necessidad­e de as usar, ainda não se conseguiu explicação para um fenómeno que tem tanto de curioso como de preocupant­e. Pessoas que vão no carro sozinhas, mas de máscara! Será que ouviram dizer que a Covid veio dos morcegos e têm receio que lhes entre um bicho desses pela sofagem? E já vi mais do que uma pessoa de mota com capacete e máscara! Isto são claramente os mesmos indivíduos que vemos no carros, mas muito mais amedrontad­os com a possibilid­ade de irem na mota, aparecer um morcego, mas que venha tão rápido que nem o capacete os proteja de apanhar a doença. E termino com uma dica. Estão a ver aqueles acrílicos que existem nas repartiçõe­s públicas com uma abertura em baixo. A ideia não é meter a cabeça na abertura para conseguir falar para a pessoa do outro lado. A abertura é precisamen­te o único sítio para onde não devem falar. Por isso mesmo, eu acho que se calhar é melhor termos mais 24 meses de pandemia para nos habituarmo­s às regras e aprendermo­s tudo como deve ser.

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 ?? ?? Nascido no Huambo (Angola) há 49 anos, o autor desta Varanda é um das referência­s do humor e da rádio em Portugal.
Nilton e a mulher, Maria Valente, um casal feliz e discreto, que tem dois filhos.
Na pele de padre Isidro, em Festa é Festa, da TVI, ao lado de Joaquim Horta, Paulo Pires e Marisa Cruz. “Acho que se calhar é melhor termos mais 24 meses de pandemia para nos habituarmo­s às regras e aprendermo­s tudo como deve ser”, defende o humorista.
Nascido no Huambo (Angola) há 49 anos, o autor desta Varanda é um das referência­s do humor e da rádio em Portugal. Nilton e a mulher, Maria Valente, um casal feliz e discreto, que tem dois filhos. Na pele de padre Isidro, em Festa é Festa, da TVI, ao lado de Joaquim Horta, Paulo Pires e Marisa Cruz. “Acho que se calhar é melhor termos mais 24 meses de pandemia para nos habituarmo­s às regras e aprendermo­s tudo como deve ser”, defende o humorista.

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