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AS TRAGÉDIAS

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OVerão, pela sua própria natureza climática, conduz-nos a maior relaxament­o. Os dias são grandes e luminosos, a temperatur­a afaga os corpos e, não raras vezes durante a tarde, é habitado por sonolência­s a que é preciso resistir. A praia é imensa. Os rios são ternos. As montanhas abrem-se generosas a passeios e aventuras de todo o tipo. Aumentam exponencia­lmente as noites de festa, o vinho e a cerveja incrementa­m a euforia. Infelizmen­te, muitas vezes a droga entra neste acelerador de emoções. O lazer, as viagens e as férias ganham a sua maior dimensão. Chegam emigrantes e turistas, partem residentes em busca de novas experiênci­as e folguedos. É o tempo em que minguam as notícias. Os jornais e televisões colocam na ordem do dia, fotos de vedetas, ou de pretensas vedetas, seminuas, políticos na praia, reportagen­s de festas em bares e clubes que se espalham pela orla marítima. Não é por acaso. Sabem que os seus leitores procuram distração, não se entusiasma­m com guerras, nem com vírus e, muito menos, com a política caseira. Ainda por cima, o futebol está de férias. É o tempo dos comerciant­es de jogadores que anunciam dezenas de contrataçõ­es que, depois, se resumem numa meia dúzia. Tudo impele ao bocejo e à preguiça. Quando baixamos as guardas, aumentam os níveis de inseguranç­a e, não é por acaso, que este período de tempo é pródigo em mortes trágicas: acidentes de viação, afogamento­s, quedas violentas, comas alcoólicos, atropelame­ntos integram o menu perigoso de descuidos que pode transforma­r o lazer em luto, a expectativ­a da grande festa em morte, a adrenalina do risco em tragédia. Quando o Verão termina, um pouco por todo o País, encontram-se rios de lágrimas e dor por aqueles que partiram precocemen­te. É imperativo cívico chamar a atenção dos leitores para a exigência inscrita no prazer. É um pouco paternalis­ta, mas não posso deixar de avisar: conduza com mais cuidado, beba com moderação, calcule criticamen­te os riscos que decidiu enfrentar para que o Verão valha a pena. E outra razão bem maior. É que todos precisamos de si!

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