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COMO TERMINAR A NOITE COM SALVADOR SOBRAL... E ADORMECER FELIZ

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Aconteceu numa noite de sábado, daquelas em que é suposto ter tempo, estar com amigos, divertirmo-nos ou, em versão “casa”, perder horas a ver filmes, séries, histórias e propostas para as quais não há tempo durante a semana, mas nos fazem bem.

Mas há semanas em que nada corre de acordo com o que é suposto: não há condições para uma noite fora tal é o cansaço, o HBO lá de casa está em greve no ecrã grande da televisão, não apetece ver nada do que nos surge na Netflix, os filmes do cabo vão de mal a pior e, finalmente, no que toca a televisão – atenção que não estamos a falar de outras atividades lúdicas como ler, ouvir música ou, simplesmen­te, conversar sem ser por mensagens no telemóvel – eis-nos reduzidos ao drama habitual: mais do mesmo, mais do mesmo. Realities, concursos, novelas humorístic­as... um enfado.

E é neste cenário dantesco, naqueles dias em que nos apetece maldizer canais generalist­as, cabo pejado de filmes de terror e blockbuste­rs do mais básico que há, ou de jogos de futebol ou de programas de culinária ou de decoração de casas milionária­s, é nesse momento que o milagre acontece. Viramos para a RTP, voltamos às bases, e quem nos surge no ecrã: Salvador Sobral. Esse mesmo, o vencedor do Festival da Eurovisão, o que não gosta de dar entrevista­s nem de falar sobre si. O que compõe muito e fala pouco. O músico que não tem lugar numa televisão que olha cada vez mais para a música popular (não quero chamar-lhe pimba, por respeito à que não é) e cada vez menos a outros géneros e nomes de primeira linha. O que é considerad­o “intelectua­l” ou “elitista” ou “mau feitio” e que é, sim, um músico do caraças!

E foi a ver o concerto de Salvador Sobral no Teatro Maria Matos – uma das pequenas salas de Lisboa –, a deliciar-me com o que escutava e a aplaudir o serviço público por ainda conseguir servir estes “manjares” que terminei a minha noite e adormecei mais feliz, sem gritaria, sem discussões, sem histórias parvas, sem más palavras. Só com música, da que vale a pena.

Nada mais a acrescenta­r. Só a agradecer a noite magnífica.

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