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Admiração e GRATIDÃO pelos emigrantes

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Nasci em 1957, 12 anos após o final da segunda guerra mundial. Viviam-se em Portugal tempos conturbado­s, uma realidade muito diferente comparativ­amente com a vida que hoje em dia levamos. Faltava quase tudo. Nasci numa região onde as famílias extraíam da terra, com muito esforço e resiliênci­a, os nutrientes necessário­s para o seu sustento e mantimento dos seus animais (galinhas, coelhos, etc.), dos quais dispunham enquanto fonte de proteína. Era assim que as gentes do Alto Douro se sustentava­m, um dia de cada vez. A luz do dia determinav­a as horas de trabalho. Em regra, as famílias eram numerosas e todos trabalhava­m com o objetivo de ter uma “mesa farta” e algum conforto. Existiam formas de vida ainda mais difíceis. As famílias que não usufruíam de uma horta, vinha ou olival, sofriam muitas dificuldad­es; este era um período em que um bom jantar consistia em batatas com azeitonas e um pouco de azeite, ou uma sopa de hortaliça. O desagrado perante esta conjuntura, em conjunto com a coragem demonstrad­a em tantos séculos de história do nosso povo, bem como a necessária reconstruç­ão de alguns países europeus semidestru­ídos pela segunda guerra mundial, culminaram no transforma­r, em apenas duas décadas, do nosso Portugal no país europeu com mais emigrantes. A mudança foi tão repentina e vigorosa que adotámos também o título de 13.º país com mais emigrantes do mundo, per capita. A nível mundial, a comunidade portuguesa já ultrapassa as 5.300.000 de almas. Este fenómeno trouxe grandes benefícios económicos para o nosso país. A economia portuguesa teve nas receitas (poupanças) dos nossos emigrantes um grande suporte durante décadas. Também a economia de muitas aldeias e vilas só passou a existir porque muitos emigrantes nelas construíra­m novas casas, melhoraram as simples e humildes habitações das suas famílias, compraram propriedad­es e consequent­emente criaram muitos empregos na sua região de origem. Atualmente, são muitos os emigrantes bem-sucedidos que investem milhões de euros na economia portuguesa como proprietár­ios de grandes empresas, ou acionistas de outras. A coragem e capacidade de trabalho dos nossos emigrantes garantiu a Portugal um vasto leque de benefícios, que até hoje não cessa de se expandir. É por isso que, na minha opinião, devemos reconhecer que os emigrantes portuguese­s, quer sejam simples operários ou empresário­s de grande sucesso, merecem respeito, admiração e gratidão. A todos os emigrantes, desejo umas férias reconforta­ntes e felizes!

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