TODOS À ESPERA DE SETEMBRO
Provavelmente, nem há razões para tanta ansiedade, tantos mistérios, mas a verdade é que as rentrées - no caso as televisivas – têm sempre um toque de filme de suspense, uma espécie de policial que tenta agarrar o espectador ao próximo episódio – ou, se preferirmos, à surpresa que os canais têm preparada.
Este ano, setembro tem que se lhe diga nas televisões generalistas. E porquê? Em primeiro lugar porque Moniz decidiu falar na festa de verão da TVI e anunciar que seria necessário pôr ordem na casa e recuperar a liderança. E se o diretor-geral falou e começou a “mexer”, menos discretamente, mais a sério na programação, então é porque há mesmo trocas de cadeiras e arrumação da casa para os lados de Queluz. Quem se mantém nas manhãs, quem sai, as tardes permanecem iguais, o que fazer a
Rua das Flores, quando estreia a nova novela, que fazer às tardes dos fins de semana e, finalmente, terá no novo Big Brother “capacidade” para alavancar resultados da estação como antes? Todas estas questões estão à espera de resposta, às quais se junta a última e mais importante: como dar a volta à informação que não consegue, de maneira nenhuma, roubar espectadores à concorrência? E se, por um lado, a TVI tenta pôr ordem na casa para que esta não pareça um encontro de amigos, a SIC, muito mais organizada e sem arriscar nada, terá de garantir que não perde onde atualmente ganha: na informação de horário nobre, na organização geral da grelha, que equilibra as oscilações de audiências e tem sido fundamental para manter a liderança desejada, e nas raras apostas de entretenimento que vão funcionando, melhor ou pior, mas que também ajudam. Vem aí um novo Agricultor, vem aí um “novelão à antiga” – consta –, Ricardo Araújo Pereira prepara o regresso... e mais não se sabe, de facto. Ou se estrelas como Nogueira ou Mourão continuarão em “fila de espera”. E enquanto as privadas “afiam as facas”, a RTP passeia no parque.
Sim, vai haver novidades: concursos, séries com o carimbo nacional. Mas enquanto ‘O Gordo’ mantiver o seu público fiel, o canal estatal respira fundo. O que pode levar à discussão sobre a função do serviço público. Mas isso fica para outra semana.