A NEURA VALE MILHÕES
1. Cristina Ferreira gozou três semanas de férias, entre Portugal, Itália e Espanha. Está no seu direito. Chega, porém, ao primeiro dia de trabalho, na TVI, e partilha um post
com uma imagem sensual – vale sempre mais uns likes –, a dizer “dia da neura. Amanhã já passa”. Ora, bem: que imagem quer passar para o mercado, para os fãs, para a empresa que lhe paga um balúrdio, que confia nela para atingir resultados, para as suas equipas?
Talvez a maior influencer em Portugal, Cristina é apresentadora – uma das melhores do País –, diretora e acionista da Media Capital. Tem responsabilidades, com muitos milhões de euros em jogo, em cima dos ombros. Pode estar com a “neura”, natural, no regresso à estação de Queluz de Baixo, para enfrentar os últimos meses do ano que restam, mas não o pode assumir publicamente – entre amigos, sim, enquanto promove os seus negócios. Alguém que lhe explique isso, por favor, porque a mensagem que passa é toda menos aquela que se deseja. A de confiança, de esperança, na liderança das audiências. A jornalista Ana Sofia Cardoso, que continua a crescer na CNN Portugal e que merece mais oportunidades na TVI – por exemplo, no lugar de Andreia Vale –, também regressou ao trabalho e partilhou uma foto nos bastidores da estação, mas a sorrir e com a legenda “back to business”,
reforçada com uma hashtag #lovemyjob. Está a ver diferença, caro leitor? Mais: alguém imagina o rival Daniel Oliveira, na SIC, a fazer o mesmo no seu primeiro dia em Paço de Arcos, após as férias? Pelo contrário: estou a vê-lo, mesmo com a tal “neura”, a partilhar qualquer coisa como “vamos a isto”.
2. Podem dizer-me mil vezes que José Milhazes e Nuno Rogeiro, na
SIC, são os melhores comentadores da guerra na Ucrânia, que isso não passa a ser verdade. Gosto pouco da falta de pluralismo, para início de conversa, e por isso vejo com prazer outros dois, na TVI, o major-general Agostinho Costa e a analista de assuntos internacionais Helena Ferro Gouveia. Confrontam-se em estúdio com duas visões completamente antagónicas, o que só enobrece a nossa democracia. Uma pena José Alberto Carvalho, que até fala em pistolas de uns apontadas à cabeça de outros, não ter (mais) andamento.